quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Mané Garrincha, a Alegria do Povo

Hoje vamos falar sobre Mané Garrincha, um gênio, um driblador sem igual que em toda a sua vida perdeu apenas uma partida pela Seleção Brasileira, contra a Hungria em 1966, e mesmo assim não é valorizado pela imprensa como merece. Abaixo um vídeo com lances incríveis do eterno Mané.

15 minutos de Garrincha. Boa parte dos lances nesse vídeo aparecerão novamente depois.

Manoel dos Santos, mais conhecido como Mané Garrincha, nasceu em Pau Grande, numa família de 15 irmãos. Sua perna direita era 6 centímetros mais curta que a esquerda, e ambas eram tortas, mas assim mesmo resolveu ser jogador de futebol. O começo foi difícil; Flamengo, Vasco e Fluminense não abriram as portas a Mané por causa de suas pernas.

Garrincha procurou o Botafogo em 1953 e rapidamente foi colocado diante de Nilton Santos, driblando-o repetidas vezes (teria até aplicado uma caneta) e o lateral pediu aos dirigentes do clube que contratassem o
Mané. Garrincha assumiu a ponta direita no Botafogo e rapidamente foi cogitado para a Seleção, mas acabou não sendo convocado para a Copa de 54.

Após mais alguns anos de grandes atuações Garrincha conquistou seu primeiro Campeonato Carioca em 1957. Apesar da conquista o mais provável era que ele não participasse da Copa do Mundo de 1958, sendo Júlio Botelho (Julinho), jogador da Fiorentina e Joel do Flamengo os mais cotados para sua posição.

Julinho acabaria recusando o convite da CBD para participar do mundial e o Mané pôde participar da competição.  Durante a preparação da Seleção para a Copa, Garrincha marcou um de seus gols mais famosos, após driblar 2 jogadores da Fiorentina, driblou também o goleiro e ao invés de chutar, driblou novamente um dos defensores que voltou para tentar impedí-lo de marcar e entrou com bola e tudo no gol.

Lance genial, certo? Sem dúvidas, mas além de habilidade o Garrincha demonstrou uma falta de seriedade da qual a comissão técnica da seleção não gostou e ele acabou não participando das duas primeiras partidas do Brasil na Copa.

Conclusão do golaço de Mané contra a Fiorentina, em 1958

O Brasil chegaria ao terceiro jogo com alguma chance de cair na primeira fase da competição, caso perdesse, e o jogo era contra um dos favoritos ao título: a União Soviética. Atendendo a pedidos de outros jogadores o técnico Vicente Feola mudou o time, colocando em campo, finalmente, Garrincha e Pelé, além de Zito.

O Brasil venceu a Rússia jogando uma partida lendária, principalmente nos primeiros três minutos (os melhores três minutos da história do futebol, como são geralmente chamados), em que Garrincha acertou a trave, e tocou para Pelé também acertar a trave, até que Vavá recebeu de Didi e abriu o placar. Vavá marcaria mais uma vez e o Brasil sairia com o 2 a 0. Seguem algumas frases sobre a atuação de Garrincha nesse jogo.

"Joel (inciou o mundial como titular) era um grande extrema. Mas Garrincha foi inigualável. Ele desmontou aquele esquema de ferro dos russos e desmoralizou a preparação científica de Moscou." - Bellini, zagueiro do Brasil em 58.
"Eu fazia o lançamento e tinha vontade de rir. O Mané ia passando e deixando os homens de bunda no chão. Em fila, disciplinadamente." - Didi, eleito o melhor jogador do torneio. 

Vídeo rápido falando sobre a atuação de Garrincha no jogo. "O resultado foi 2 a 0, mas o impacto de Garrincha no jogo foi muito maior."

O Brasil manteve Pelé e Garrincha no time para as quartas de final e venceu o País de Gales por 1 a 0, gol de Pelé. Mais uma vez Mané teve grande atuação, tanto que Mel Hopkins, seu principal marcador na ocasião diria: "Eu acredito que Garrincha era mais perigoso que Pelé na época, um fenômeno, capaz de pura magia."
Na semifinal o Brasil enfrentaria a França, que contava com Fontaine, artilheiro daquele mundial e Raymond Kopa que ganharia a Bola de Ouro naquele ano. Apesar disso o Brasil goleou por 5 a 2, com Pelé marcando três vezes e Garricha criando alguns gols pela ponta direita (incluindo o belo passe para Vavá abrir o placar). 

Lances de Garrincha contra a França (clique aqui para ser direcionado ao canal de onde eu tirei esse vídeo e outros).

O Brasil estava na final contra os anfitriões e começou perdendo graças ao tento de Liedholm, aos 4 minutos. Mas ali estava Garrincha, que ainda no primeiro tempo deixou Vavá duas vezes na cara do gol, e o centroavante não perdeu. O Brasil venceria com um novo 5 a 2, ganharia a Copa do Mundo pela primeira vez e Garrincha foi escolhido para a seleção do torneio.

Lances de Garrincha contra a Suécia.

Em seu retorno ao Rio de Janeiro Garrincha conquistaria seu segundo Campeonato Carioca em 1961 além do Torneio Rio-São Paulo de 1962 e  mais alguns títulos em excursões com o Botafogo pelo mundo, antes de chegar na Copa do Mundo de 1962. Nessa competição teria o melhor momento de sua carreira.

Garrincha teria uma boa atuação no primeiro jogo, mas nessa ocasião Pelé acabaria sendo o grande nome da partida com um gol e uma assistência. Na segunda partida da fase de grupos, um empate sem gols e o Rei se machucaria. Mané agora teria a responsabilidade de conduzir o Brasil ao título na condição de ator principal. 

Lances de Garrincha contra o México.

Melhores momentos de Brasil e Tchecoslováquia na fase de grupos. Aos 33 segundos um lance de gênio do Mané.

Novamente o Brasil chegava ao terceiro jogo da fase de grupos correndo o risco de ser eliminado, e dessa vez o adversário, a Espanha, saiu na frente. Mas o Brasil contava com o Mané para desmontar a defesa espanhola. Aos 41 minutos do segundo tempo, após uma grande jogada, Garrincha cruzaria para Amarildo, substituto de Pelé, virar o jogo.

Garrincha contra a Espanha.

Nas quartas de final o Brasil enfrentaria os inventores do futebol, os ingleses. O que o Garrincha fez nesse jogo foi incrível, talvez tenha sido a melhor atuação da carreira dele ou até a melhor partida que qualquer atleta já jogou em uma Copa do Mundo. O placar foi 3 a 1 para o Brasil, com dois belos gols de Garrincha, tendo o outro gol sido marcado por Vavá, no rebote de uma cobrança de falta do Mané.

Garrincha contra a Inglaterra. Simplesmente incrível.

Na semifinal seria a hora de enfrentar os anfitriões do torneio, o Chile. Garrincha deu outro show, marcou mais dois gols, sofreu um penalti (não marcado) e cobrou o escanteio que resultou no terceiro gol do Brasil. Apesar da grande atuação, o Mané acabou sendo expulso por dar um pontapé em um adversário.

 
Outra grande atuação do gênio das pernas tortas.

Após esse jogo o jornal chileno "El Mercurio" exibiu uma manchete perguntando "De que planeta Garrincha veio?" Mas havia um problema: Mané não poderia jogar a final contra a Tchecoslováquia, pois havia tomado um cartão vermelho no jogo anterior. Após um julgamento um tanto quanto estranho a FIFA permitiu que Garrincha atuasse na final. 

Posto que não jogou mal, o gênio das pernas tortas entrou em campo com uma febre de 39 graus e acabou não sendo tão produtivo como nos dois jogos anteriores. Todavia sua simples presença em campo já era suficiente para que vários adversários estivessem marcando-o e isso abria mais espaço para outros brasileiros. O resultado foi a vitória por 3 a 1, trazendo o bicampeonato para o Brasil. Obviamente Garrincha foi eleito o melhor jogador da Copa.

Lances de Garrincha na final de 1962.

De volta ao Brasil o Mané venceria, ainda em 1962, o Campeonato Carioca pela terceira e última vez, tendo uma atuação marcante na final, um três a zero contra o Flamengo, dois gols dele. Esse jogo foi um divisor de águas na carreira de Garrincha, ao ponto de muitos especialistas afirmarem que essa foi a última grande atuação dele. 

A partir daí sua carreira declinou por causa de seus problemas com o álcool e de uma lesão no joelho que continuou comprometendo o desempenho do Mané mesmo após uma cirurgia, a qual foi submetido em 1964 (nesse ano ele venceu o Torneio Rio-São Paulo). Em 66 Garrincha, após 614 jogos e 245 gols pelo Botafogo, foi para o Corinthians, mas acabou tendo uma passagem decepcionante, com dois gols em treze jogos. Apesar disso ele ainda jogaria a Copa do Mundo pela terceira vez em 1966.

No primeiro jogo desse mundial o Brasil venceu a Bulgária por 2 a 0, com gols de Pelé e Garrincha, ambos de falta. Seria o último gol do Mané pela seleção.

Garrincha contra a Bulgária. Ele não era mais o mesmo, mas teve alguns bons momentos e marcou um golaço.

Pelé novamente se machucou, o Brasil chegou ao segundo jogo contra a Hungria sem o Rei e acabou derrotado. Foi a única derrota de Garrincha pela Seleção em 60 jogos (50 oficiais), tendo ele marcado 17 gols (12 em partidas oficiais).

Lances de Garrincha contra a Hungria. Apesar de não estar bem fisicamente ele criou alguns problemas contra um adversário forte.

Pela terceira vez seguida o Brasil chegava ao último jogo da fase de grupos com o risco de ser eliminado, mas dessa vez não tinha o Mané em campo. A Seleção acabaria eliminada no jogo contra Portugal e essa seria a nossa pior campanha em Copas.

Após o mundial de 1966 Garrincha teve passagens rápidas por alguns clubes como Flamengo e o Red Star (França), até encerrar sua carreira no Olaria. Nesse clube marcou seu último gol contra o Comercial em 1972. Em 1973 Garrincha recebeu uma merecida homenagem, um jogo de despedida com a seleção brasileira, que enfrentou a Seleção do Mundo e venceu por 2 a 1.

Mané aos 40 anos se despede do futebol. Mesmo longe de seu auge ainda teve alguns lances divertidos.

Garrincha faleceu pobre em 20 de janeiro de 1983 com apenas 49 anos de idade por causa de seus problemas com o álcool.. Um dia depois Carlos Drummond de Andrade escreveria o trecho abaixo a seu respeito.

"Se há um Deus que regula o futebol, esse Deus é, sobretudo, irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incubidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um Deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho."

Garrincha cercado por oito adversários. Pobres marcadores.

Garrincha, o Charles Chaplin do futebol, o anjo das pernas tortas, o eterno Mané. Um dos maiores futebolistas que o mundo já produziu. Certa vez li a frase com a qual concluo esse post.

"Pelé e outros aprenderam a jogar futebol, Garrincha nasceu sabendo." 







terça-feira, 8 de janeiro de 2013

4 Vezes Messi

O craque argentino Lionel Messi conquistou pela quarta vez consecutiva o prêmio de melhor do mundo, mais um recorde. Esse feito alimentou discussões: alguns já dizem que Messi é o maior da história, outros falam que ele não merecia o prêmio.
Bom, eu acho que o Messi mereceu sim a Bola de Ouro, mas não o considero o melhor jogador de todos os tempos.
Em 2012 Messi jogou muito pela Argentina e quebrou o recorde de gols marcados em uma temporada europeia por clubes com o Barcelona, além de ter sido artilheiro da Champions League pela 4ª vez seguida. Não satisfeito o argentino ainda fez mais assistências do que os colegas de time Xavi e Iniesta juntos. Eu sei que apesar de tudo isso Messi ganhou só um título, a Copa da Espanha, mas o prêmio entregue ontem é individual, não coletivo. Poderia ter sido mais decisivo? Sim, sem dúvidas, mas mesmo assim acho que ninguém foi melhor que Lionel Messi em 2012.

Os 91 gols oficiais de Messi em 2012. Recorde? Não diria, mas falamos disso depois.

Sobre ser o maior jogador da história, eu acho que não, mas antes de falar algo vale a pena lembrar que essa discussão é bem inútil. Mas será que 4x Melhor do Mundo significa que ele é o melhor que já existiu?
As 4 Bolas de Ouro mostram consistência ao longo dos anos, ou seja, revelam que ele consegue se manter no topo contra os jogadores de sua geração por um bom tempo. Aliás, consistência tem a ver com a maior virtude do argentino, aquilo que o faz mais especial, na minha opinião.
Em termos técnicos acho que alguns jogadores na história do futebol fazem frente a Messi, mas ele tem algo que me impressiona mais do que sua capacidade de correr com a bola colada no pé. É que em todo jogo ele entra com uma necessidade de marcar gols e jogar bem que a maior parte dos jogadores passados só tinha em ocasiões especiais, como uma Copa do Mundo. Mas Messi parece jogar cada partida como se fosse uma final de Copa.
E Messi está passando isso aos seus contemporâneos. A média de gols dos grandes atacantes da Europa subiu, se comparadas com os números de 10 anos atrás e não por uma questão de habilidade (Van Persie e Huntelaar chegaram a ter médias melhores do que Henry e Shevchenko em seus melhores anos, mas os dois últimos são melhores jogadores, sem dúvidas). Isso porque todos estão tentando ser como Messi.
Até o Cristiano Ronaldo, que saiu do Manchester com média pouco superior a 0,4 gols por jogo logo em sua primeira temporada no Real Madrid ultrapassou 0,94 gols por jogo. É impossível que Cristiano tenha mudado tanto tecnicamente em menos de um ano, a questão é que ele passou a se esforçar mais para competir com Messi.

Eu não gosto dele, mas o Cristiano Ronaldo cresceu bastante nos últimos anos, e é sim um grande jogador. Mas acho que Messi sempre estará dois passos à frente dele.

Definitivamente Messi é um gênio, está gerando mudanças na maneira de jogar de vários outros atletas, e está sim entre os grandes da história, mas não acho que seja o maior. Pessoalmente quando penso no melhor jogador da história eu olho mais para a técnica dele do que para seus números e prêmios individuais, mas isso é pessoal. De qualquer modo eu acredito que Messi ainda vai crescer, vai quebrar mais recordes e vai superar os 91 gols que marcou esse ano. 
Na verdade, diferente do que acabou entrando no Guiness Book, um futebolista zambiano, chamado Godfrey Chitalu marcou 107 gols oficiais, o que supera os 91 tentos de Messi. Em todo caso acho que o argentino acabará superando também esse número nos próximos anos. 

Assistências de Messi em 2012

O que mais dizer sobre Messi? É um craque, está a frente de seu tempo e eu rezo para que nunca ganhe uma Copa do Mundo, já que é argentino. 

Messi, merecidamente o Melhor do Mundo pela quarta vez

Eu poderia continuar falando sobre outras premiações, como a de melhor técnico e o "Time do Ano", que sabe Deus o motivo só tem jogadores do Campeonato Espanhol, mas não vou fazer isso.

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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Pelé, o Rei

Acredito que a maior parte das pessoas lendo isso cresceu ouvindo que Pelé é o maior jogador da história do futebol. Não acho que isso seja necessariamente verdade, pois a discussão de quem é o melhor jogador de todos os tempos, penso eu, é totalmente inútil.
É impossível saber, por exemplo, como Messi se adaptaria às condições da época de Pelé e vice-versa. Podemos tentar fazer previsões, mas ninguém tem uma bola de cristal para saber, com certeza, o que aconteceria se dois jogadores de épocas totalmente distintas fossem contemporâneos. Como eu já disse outras vezes, se me perguntarem quem é o melhor jogador da história, responderei Ronaldo, mas isso é muito subjetivo e a discussão é infrutífera.
De qualquer forma, não preciso achar que Pelé seja o melhor jogador da história do futebol para admirar sua genialidade em campo. Como já fizemos em outras ocasiões, vamos observar o nível técnico de Pelé primeiramente e depois, de modo rápido, ver como foi sua carreira no futebol.
Antes de colocar alguns vídeos, gostaria de deixar algumas dicas de canais no youtube com muitos vídeos do Pelé.
1. R9GodMagic: Canal com vários vídeos sobre diversos jogadores, incluindo alguns de Pelé)
2. 55brutackx: Canal praticamente dedicado com exclusividade ao Pelé
3. SirPeleForever: Idem ao segundo.


O vídeo acima contem 207 gols de Pelé. Eu nem precisaria falar nada, mas o que vemos no vídeo é incrível: tem gols de bicicleta, de cabeça, de falta, com o pé esquerdo, em grandes arrancadas, tem gol de todo jeito. Vemos também a superioridade física de Pelé frente a seus adversários.

Compilação de passes feitos por Pelé. Ele tinha uma grande visão de jogo e também era bastante preciso. Alguns acham que Pelé fez tantas assistências quanto gols, mas isso não é confirmado, uma vez que as assistências passaram a ser contadas recentemente.

Dribles de Pelé. Alguns gols aparecem aqui também. É interessante notar que ele utilizava sua perna esquerda para driblar.

Alguns dizem que devido a fragilidade das defesas naqueles tempos seria fácil fazer o que Pelé fez (eu já escutei isso). Digo o seguinte: se era fácil porque podemos contar nos dedos os jogadores daquela época com quem podemos estabelecer alguma comparação com Pelé?
Pelé era rápido, habilidoso, bom cabeceador, ambidestro, tinha uma grande visão de jogo e boa precisão nos passes. E tudo isso sem a estrutura que o futebol tem hoje, com bolas que poderiam ficar com muita água e pesar bastante em dias de chuva, sem falar que os zagueiros batiam muito. E apesar dessas adversidades, Pelé jogou o que jogou.

2. Carreira

Nota: Quando eu estava escrevendo essa parte, a palavra artilheiro estava aparecendo tantas vezes que eu resolvi colocar as artilharias separadas no final. Os números de gols em um ano apresentados, a menos que se fale o contrário, incluem jogos não-oficiais.  

Pelé estreou pelo Santos em 1956, jogando dois amistosos, contra o Corinthians de Santo André e o Jabaquara, respectivamente. Marcou uma vez em cada partida, apesar de na primeira ter apenas 15 anos. Nessa época o Santos contava com um grande time e começava a estabelecer um certo domínio no futebol paulista (havia conquistado seu segundo Paulista em 55 e repetiu a conquista em 56). Esse domínio se tornaria muito mais forte com Pelé.
Em 1957 o Santos não venceu o Campeonato Paulista (o que inclusive contradiz o que eu acabei de falar), mas com 16 anos Pelé foi o artilheiro da competição, marcando 20 gols. Sua performance rendeu a convocação para a Copa Roca, competição que serviu de inspiração para o atual Superclássico das Américas. Pelé marcaria um gol em cada jogo contra a Argentina e o Brasil venceria o certame.
No ano de 1958, Pelé marcou 58 gols no Campeonato Paulista estabelecendo o recorde de gols em uma única edição do torneio e sagrou-se campeão. Apesar disso, chegou como reserva na Copa de 1958, fazendo sua estréia na competição no terceiro jogo do Brasil, contra a União Soviética, assim como Zito e Garrincha.

Lances de Pelé contra a França em 1958

Compensando a falta de gols no primeiro jogo, Pelé marcou uma vez na vitória seguinte da seleção, contra o País de Gales, três na semifinal contra a França de Fontaine e Kopa e dois na final contra a Suécia, um deles aplicando um chapéu no zagueiro. Assim, Pelé recebeu a Bola de Prata do Torneio, tendo a de Ouro ficado com seu compatriota Didi, além disso, foi o vice artilheiro do torneio. O rei encerraria o ano de 1958 com 75 gols oficiais, um recorde pessoal.
Em 1959 Pelé venceria o Torneio Rio-São Paulo e seria artilheiro e melhor jogador da Copa América, em que o Brasil ficou com o segundo lugar. Ao final do ano chegou a 112 gols ou 127 se contarmos gols pelo exército e pela Seleção Paulista (mas contar gol no exército eu acho demais). Em 1960 venceria o primeiro de três Paulistas em série e encerraria o ano com 104 gols em 89 jogos. Essa marca seria melhorada em 1961, ano em que Pelé marcaria 62 gols em 38 jogos, contando apenas partidas oficiais e 110 gols em 74 partidas contando todos os jogos.

Pelé contra o Racing Club Paris, em 1960

O número de 1959, se incluirmos os gols pelo exército na contagem, é a maior quantidade de gols marcada por um futebolista em um ano que eu tenho notícia, superando até os 116 gols marcados pelo zambiano Godfrey Chitalu no ano de 1972, que incluem 107 gols em partidas oficiais (o que largamente supera a marca estabelecida por Messi esse ano). Acredito que a maior parte das pessoas lendo isso nunca ouviu falar de Chitalu, mas eu não estou inventando, se tiverem dúvidas do que estou dizendo, digitem "Chitalu" no google e pesquisem. 
Deixando de lado essa conversa sobre recordes, Pelé venceria em 61, além do Paulista, a Taça Brasil, ou, seguindo a unificação da CBF, Campeonato Brasileiro. Pelé entraria em uma série incrível de títulos a partir desse ano.
Em 62, viriam um Paulista, uma Taça Brasil, uma Libertadores, uma Copa Intercontinental (não estou diminuindo a conquista de ninguém, apenas acatando os órgãos oficiais, do mesmo jeito que fiz quando chamei a Taça Brasil de Campeonato Brasileiro) e uma Copa do Mundo. Nesse mundial, Pelé se machucaria na fase de grupos, mas veria o Brasil comandado por Garrincha sair vitorioso. Essas conquista, somadas à extinta Taça Oswaldo Cruz trazem um dado interessante a 1962: nesse ano Pelé venceu todas as competições que disputou.

Pelé contra o México, na Copa de 62

Em 63 viriam novamente a Taça Brasil, a Libertadores e a Copa Intercontinental, além de um Rio-São Paulo. Em 64 e 65 o Santos ganharia a Taça Brasil e o Paulista (em 64 ganhou ainda o Rio-São Paulo). Em 66 haveria tempo para um Rio-São Paulo dividido entre 4 equipes. Todas essas conquistas fariam com que Pelé chegasse à Copa do Mundo de 1966 com o posto de jogador mais famoso do planeta e com expectativas muito altas, já que além dele o Brasil poderia contar, entre outros, com Gérson, Garrincha e Jairzinho.
Pelé contra a Alemanha Ocidental em 1963

Apesar da ampla disponibilidade de craques, a preparação do Brasil para a Copa não foi a mais apropriada, tendo o técnico Vicente Feola chegado a trabalhar com uma equipe de 46 jogadores, sendo que apenas 22 viajariam. A Copa de 66 terminaria sendo o maior fiasco da história do Brasil nas Copas.
No primeiro jogo a seleção contava com Pelé e Garrincha, que juntos, nunca perderam uma partida pelo Brasil. O resultado foi uma vitória por 2 a 0, com dois gols de falta, um de Pelé e outro de Garrincha. Mas o rei saiu machucado de campo, graças às muitas faltas que sofreu, e por isso não atuou no segundo jogo, em que o Brasil foi derrotado pela Bulgária.
A partida contra Portugal, que contava com Eusébio, definiria o futuro do Brasil na competição, e dessa vez quem não jogou foi Garrincha. Pelé sofreu duras faltas durante o jogo e teve que permancer machucado em campo (só lembrando que na época não era permitido fazer substituições!) e o Brasil terminou perdendo e eliminado na fase de grupos. Após este torneio, Pelé decidiu que não voltaria a atuar em uma Copa do Mundo.

Pelé contra o River Plate em 1967

Quatro anos se passaram, Pelé ganhou mais alguns Paulistas, um Robertão (seguindo a unificação, Brasileiro) e algumas competições hoje extintas. O Brasil havia montado um grande time, com jogadores como Rivellino, Tostão e Gérson, e Pelé havia retornado à seleção. Com essa equipe, o Brasil chegou à Copa do Mundo de 1970 vencendo todos os seus jogos nas eliminatórias. 
E a seleção deu show! Venceu todos os 6 jogos no torneio e fomos os primeiros a vencer a Copa três vezes. Por sua performance, na qual marcou 4 gols e participou de muitos outros. Veja nesse vídeo, que só está disponível no dailymotion (por isso só posso colocar o link), alguns dos melhores lances de Pelé na Copa de 70.
O vídeo tem os dizeres (adaptação para o português, que eu fiz agora): O que importa não são seus gols, seus dribles ou seus passes. Por que Pelé é o rei de 1970 então? É que até seus erros eram puramente geniais.
Os 12 gols de Pelé em Copas em um minuto

Pelé recebeu a Bola de Ouro da Copa de 70 e se tornou o primeiro jogador a ser três vezes Campeão do Mundo, enquanto o técnico Zagallo passou a ser também tricampeão, mas com um de seus títulos conquistado como treinador.
Em 73, aos 32 anos e em meio a muitos craques, Pelé foi eleito o melhor jogador em atividade na América, ganhando mais um Campeonato Paulista. Também neste ano Pelé participou da despedida de Garrincha na seleção brasileira, e com Pelé e Garrincha em campo, mesmo o adversário sendo a Seleção do Mundo, o Brasil venceu por 2 a 1, com um golaço de Pelé.
Em 74 Pelé foi jogar no New York Cosmos, clube no qual marcou mais 64 gols e onde encerrou sua carreira no ano de 1977, vencendo a Liga Norte Americana naquela ocasião.

Lances de Pelé no Cosmos e Milton Neves elogiando o rei.


Principais Artilharias (Provavelmente, há mais artilharias em torneios menores)

Campeonato Paulista (11x): 1957, 1958, 1959, 1960, 1961, 1962, 1963, 1964, 1965, 1969, 1973. Incluindo 58 gols em 1958, recorde do torneio.
Copa Libertadores da América: 1965, com 7 gols.
Copa América: 1959, com 8 gols.
Taça Brasil (3x): 1961 e 1963, com 9 e 12 gols, respectivamente e 1964, dividindo com Gildo (CE), anotando 7 vezes
Torneio Rio-São Paulo: 1963, com 14 gols.
Copa Intercontinental (2x): 1962 e 1963, com 5 e 2 gols, respectivamente.

Pelé, o Rei

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Postagens Relacionadas

1. Pelé foi um gênio, reunindo todas as habilidades que um jogador que atua no setor ofensivo precisa ter. Mesmo assim muitos acham que Diego Maradona foi superior a ele. Clique AQUI para ler sobre o argentino e tire suas próprias conclusões sobre essa comparação.

2. Jogando com Pelé e Garrincha, o Brasil nunca perdeu uma partida. Clique AQUI para ler sobre o grande Mané.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Campeão do Mundo

Passou-se mais de um mês desde a nossa última postagem, e nesse período ocorreram vários eventos que mereceram posts, como a troca de técnicos da seleção e o título do Fluminense. Queria pedir desculpas por não ter escrito nada nesse período, estive muito sem tempo, mas hoje vamos retomar nossas atividades.
E, por uma grande coincidência, da qual eu gostei muito, meu segundo dia de férias caiu no dia em que o Corinthians foi campeão (pela segunda vez) do Mundial de Clubes da FIFA. Como esse título está sendo noticiado por toda a imprensa eu gostaria falar sobre alguns pontos interessantes dessa competição.

Como sempre acontece com os times europeus o Chelsea entrou com um certo favoritismo e aquela impressão de superioridade. Após a fraca atuação do Corinthians contra o Al Ahly, nas semifinais, a mídia inglesa teve certeza do resultado. Abaixo algumas frases de comentaristas da BBC.
“Eles (o Chelsea) vão despedaçar essas equipes se jogarem com a atitude certa”.
"Se o Chelsea for a final vai ser um passeio".
"Este Paulinho não jogou nada."
"Acho que o Chelsea não está vendo nada que vai preocupar."
A última frase foi dita durante a transmissão da semifinal vencida pelo Corinthians. É muito óbvio que todo esse falatório só serve de motivação para o alvo das críticas e que futebol se ganha dentro de campo, mas o pior é que eu tenho que admitir que, logo após a semifinal, eu mesmo via como baixas as chances de vitória do timão.
O Alessandro foi um guerreiro hoje, é um dos jogadores por quem eu tenho mais respeito no atual elenco do Corinthians, chegou ao clube quando estavamos na segunda divisão do brasileiro, tem uma história linda no timão. Mas eu achava que os comentário britânicos de que Hazard e Cole fariam um estrago muito grande por aquele lado faziam sentido. Eu fiquei com raiva dos comentários, estavam tratando o timão como uma equipe inferior, mas, embora não tenha deixado de acreditar nunca, não me parecia provavel um triunfo alvinegro.
 A situação mudou graças ao grande responsável por esse título: Tite. Sempre admirei a maneira como o Tite tem o grupo na mão, mas, taticamente ele me irritou em diversos momentos (só citando um rápido exemplo, ano passado, quando tirava o Willian todo jogo e eu achava que o rapaz tava jogando bem). Mas, dessa vez, o Tite acertou muito taticamente, acho que o timão não venceria se não fosse a entrada de Jorge Henrique no lugar de Douglas.
Eu nunca faria essa substituição (sequer cogitaria), pois o Jorge andou muito na reserva, pelo menos em tese estaria sem ritmo de jogo, além do mais não vinha em boa fase. Mas o treinador é quem acompanha o elenco e vê se o jogador está ou não em condições de atuar, e o Jorge, bem fisicamente, como estava hoje, fortalece muito a marcação justamente pelo lado do Alessandro.
Depois disso todo mundo viu o que aconteceu, o Corinthians jogou de igual para igual com o Chelsea (acho que jogou melhor, mas vou dar um desconto, vai que o clubismo está falando na minha análise), contou com uma atuação incrível de Cássio (a melhor atuação dele pelo Corinthians) e uma raça espetacular de todos os jogadores o Corinthians venceu por um a zero, gol do guerreiro Guerrero.


Acima o vídeo do gol. Sim, é verdade, o Corinthians não tem estrelas, mas que toque foi esse do Paulinho? E antes que alguém fale algo, ele tentou tocar para o Danilo, mas a bola foi curta e ele tentou correr de volta para ela. E o Danilo, bem, eu pensei, e todo corinthiano que acompanhou o time nos últimos dois anos deve ter pensado, "agora ele vai deixar os zagueiros sentados e fazer o gol" e naquela fração de segundo entre Danilo pegar a bola e driblar os zagueiros, lembrei dos gols contra São Paulo e Nacional
O gol acabou não saindo, mas a grande jogada do Danilo ocupou Guerrero, que estava no lugar certo, na hora certa, e tocou de cabeça para as redes.

Outro ponto a destacar é o show da torcida corinthiana, o que a torcida fez hoje nunca foi feito na história do futebol mundial. 30000 torcedores do Brasil para o Japão? Para a meia dúzia de pessoas que insistem em teimar com os fatos, que circulam na internet a informação de que apenas 8000 corinthianos estariam lá (o que já seria mais do que qualquer outro time levou), fica o vídeo abaixo.

Antes que alguém fale algo, mais 5000 fiéis foram para a final. Pena que eu não estava lá.

Finalizando, o Corinthians não é um dos melhores times do mundo olhando para o nível técnico, mas com certeza é o time mais raçudo do universo, e apenas isso é motivo de orgulho para todo verdadeiro fiel, juntando com a taça então, o corinthiano está no céu. 

Melhores momentos do jogo. Arnaldo, obrigado por impedir que eu tivesse um infarto (se ele não tivesse dito empedido, talvez eu não estivesse escrevendo isso).

Veja a festa do timão! Os europeus tentam minimizar o torneio, mas eles parecem bem decepcionados, não?

 Bi-Campeão Mundial!! Corinthians!!!


Nota: Não posso deixar de notar que o nosso site é muito pé quente, porque 4 dias após sua criação, meu timão ganhou a histórica Libertadores e estamos fechando o primeiro ano de nossa existência com a queda do Palmeiras (desculpe se algum palestrino estiver lendo isso, mas sou corinthiano) e o título mundial. Esse ano foi perfeito.








quarta-feira, 14 de novembro de 2012

1000 Vezes Brasil

Bom, na partida contra o Peru o Brasil chegou a 1000 partidas de história e conquistas. Tentei aplicar a ideia daquele jogo cancelado contra a Argentina (escrever boa parte dos meus pensamentos durante o jogo, mas vou atenuar o vocabulário). Não sei se ficou bom, mas vou testar. Tenha em mente que algumas coisas são muito espontâneas, ditas em momentos nos quais estou tenso com o jogo, mesmo irritado (como verão, ou viram, tive motivo para ter raiva).

Inicio esse texto a dez minutos jogados no primeiro tempo da milésima partida da Seleção Brasileira, até agora um monótono empate sem gols. Vamos torcer para que a atuação do Brasil seja digna do passado que temos, um passado com Pelé, Ronaldo, Garrincha, Zico, Rivellino, Romário e tantos outros craques. Até então não é isso que está acontecendo. Treze minutos e a Colômbia até parece melhor no jogo.
Essa bola agora do Kaká... foi por pouco. Nada contra o Castán, mas será que precisamos improvisar um zagueiro na lateral? Bom, ele não está atrapalhando. Voltemos ao jogo.
Ah, vai se danar Neymar. Poxa, como é que perde um gol desses? Paciência. Estou com dificuldade em coordenar e escrever meus pensamentos, então vamos sintetizar o jogo até agora, 30 minutos.
Bom, nenhum dos dois times tem um volume de jogo muito bom, ou seja, apesar de terem um bom toque de bola (pelo menos na maior parte do tempo), os times não criam muitas chances de gol. Mesmo assim o Brasil esteve muito perto do gol em dois momentos, uma em um chute para fora de Kaká e outra em uma cabeçada do Neymar em cima do goleiro (ele estava sozinho na área).
Na trave!!! Kaká acertou um chutaço, realmente uma bela finalização, mas ela bateu no travessão colombiano. Ah! Essa bola merecia o gol!
"Tá faltando um pouco de Neymar no jogo Casagrande." Não, Galvão. Está sobrando, ele já perdeu um gol que um bom centroavante certamente faria. Olha ele aí chutando. Essa foi perigosa, quase queimou minha língua.
Belo desarme do Paulinho agora. Do meio para trás eu diria que estamos até bem, apesar do Cástan improvisado. É só elogiar e o Daniel Alves erra o passe a cinco metros da área.
Ah, droga! Eu só não escrevo um monte de palavrões aqui porque não fica bem. Gol da Colômbia. Quem não faz leva, né? Primeira chance da Colômbia, Cuadrado apareceu sozinho, pelo lado do Castán, e chutou. Acho que o Diego Alves poderia ter defendido, mas foi gol. Mas agora acabou o primeiro tempo.

Esse gol não quer sair mesmo. Caso não tenha percebido, o jogo já recomeçou, e o Brasil já teve uma boa chance, em lance de Kaká, que deixou Neymar em boas condições para chutar, mas o goleiro defendeu. Após quinze minutos de algum tédio, o Neymar fez um belo lance, driblou bem a marcação e chutou de fora, mas o goleiro defendeu de novo.
Golaço!!!!!!! Neymar! Dos gols do Neymar no Brasil esse é o mais bonito que eu me lembro. Tudo bem que a concorrência não é tão grande, mas foi um golaço.
A Colômbia chegou em duas cabeçadas depois do gol, mas o Diego Alves esteve bem posicionado. Thiago Neves saindo. Para falar a verdade, só pensei nele duas vezes: uma na escalação e outra agora. Penalti!
Vai tomar... banho! Vai se lascar! No milésimo jogo da história da seleção, Neymar faz homenagem ao tetra e imita Baggio! Bom, eu havia pedido que o Brasil se inspirasse em craques do passado, só não esperava que fossem escolher um de outro país, mas tudo bem.
Acabou assim mesmo, sem maiores chances de gol após o penalti, Brasil 1 x Colômbia 1.

Melhores momentos do 1000º jogo do Brasil

O penalti do Neymar. Acho que foi até pior que o do Baggio.

Melhores momentos da conquista do nosso tetra, grande vitória homenageada hoje.

sábado, 10 de novembro de 2012

Mundial de Clubes: Eden Hazard

O Mundial de Clubes da FIFA está se aproximando, por isso inauguramos hoje uma série de postagens relacionadas a essa competição. Hoje iniciamos falando sobre um dos grandes jogadores do Chelsea, embora relativamente desconhecido, o meia Eden Hazard.

Esse é um vídeo de apresentação dele, digamos assim. Como podem ver ele é rápido, habilidoso e finaliza bem.

Hazard, belga de 21 anos, começou sua carreira no Lille, da França, na temporada 2007/08. Anos depois, na temporada 2010-11, já com a condição de titular e já tendo sido votado para a seleção da Ligue 1, Hazard liderou o Lille nas conquistas da Copa da França e do Campeonato Francês, recebendo o prêmio de melhor do torneio na segunda competição.
Nessa altura da carreira, seu futebol já havia atraido o interesse de vários grandes clubes europeus, como Internazionale e Real Madrid (Zidane disse que o levaria para o clube madrilenho de "olhos fechados" e que no futuro ele será uma das maiores estrelas do futebol mundial). Apesar disso Hazard permaneceu no Lille para a temporada 2011-12.
Em sua última temporada na França Hazard foi muito bem (apesar de não ter ganhado um título sequer), tanto que recebeu o prêmio "Bravo", que é entregue pelo jornal Guerín Sportivo para o melhor jogador jovem da Europa. Após esse prêmio, o Lille não teve mais condições de mantê-lo em seu elenco e ele foi vendido para o Chelsea.

Todos os gols e assistências de Hazard em seu último Campeonato Francês. Não só os números impressionam, como também a qualidade dos gols e dos passes.

Diferente do que se poderia esperar Hazard se adaptou rapidamente ao estilo de jogo do Campeonato Inglês e agora em 18 partidas já fez 3 gols e 10 assistências no clube inglês. Para efeito de comparação em 15 jogos o brasileiro Oscar marcou 4 gols e fez 4 assistências (isso não quer dizer que Hazard seja melhor, embora eu realmente ache que seja não dá para concluis isso só com os números).
Essa boa adaptação no Chelsea, juntamente com sua grande temporada no Lille levaram o famoso portal Bleacher Report a colocá-lo em primeiro na sua lista de melhores jogadores jovens do mundo, deixando Neymar em segundo. 

Lances de Hazard no Chelsea

É, esse rapaz pode dar trabalho para o Corinthians (claro, ainda não é certo que haverá um confronto entre Chelsea e Corinthians). Do ponto de vista tático, pelo lado do campo no qual ele vem atuando com mais frequência, Hazard deverá ser marcado por Alessandro, que teve grandes atuações na Libertadores, mas com todo respeito não é nenhum menino e pode não ser a melhor opção para marcar um jogador tão rápido. Esse é um dos pontos em que Tite terá que pensar bastante, e eu espero, como torcedor, que ele tenha sucesso nisso, mas esse pode ser o assunto para outras postagens. 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Zinedine Zidane, o Maestro

Hoje vamos falar de um dos melhores jogadores que eu acompanhei "ao vivo", Zinedine Zidane. Há uma razão especial para falar sobre ele. Se você não acompanhou ou não lembra de Zidane jogando, ou se quiser rever lances dele, assista um dos vídeos abaixo.

Se estiver com pouco tempo/disposição, assista esse vídeo.

Se estiver com muito tempo, assista esse vídeo.

E o que esses vídeos mostram, ou o que 99,9% das pessoas enxergam ao assistí-los é: Zidane é um gênio! Um futebolista realmente brilhante. Agora, vamos aos seus números. Juntando as partidas por sua seleção e pelos seus clubes, em jogos oficiais (ou seja, sem amistosos por clubes), Zidane marcou 159 gols em 789 jogos. Não é um número alto de gols, mas a primeira coisa que nos vem a mente com essas estatísticas é que ele deve ter feito incontáveis assistências. 
Embora eu não tenha esse número para a carreira dele, eu posso dizer a vocês que em um de seus campeonatos pelo Real Madrid, a 2005-06, Zidane fez 10 assistências (em 28 jogos). Acredito que as estatísticas não saem muito disso, pois Zidane foi um jogador bastante consistente durante sua carreira. Para efeito de comparação Cesc Fabregas no campeonato inglês 2006-07 fez 20 assistências em 32 jogos e fez 13 em 27 jogos (além de 15 gols)  no campeonato 2009-10.
Ou seja, por esses números temos a impressão de que Francesc Fábregas, que sem dúvida alguma é um grande jogador, mas que sequer ficou entre os 15 melhores do mundo entre 2007 e 2010 é melhor do que Zidane. Por números, nós tivemos centenas de jogadores melhores que Zidane, se brincar até o Messi, em estatísticas, é melhor que Zizou. Não estou me referindo ao craque do Barcelona, mas ao meio campista do Persib Bandung, cujas estatísticas desconheço, mas que podem, e não vai ser nada extraordinário caso isso ocorra, ser melhores que as do Zidane.
Por isso o que eu quero dizer é que "zidanem" os números, por mais infame que seja o trocadilho. Brilhantismo em campo não é expresso por estatísticas e Zidane foi um gênio do futebol. Dito isso, vamos falar sobre a carreira de Zizou.


Um grande jogador de jogos grandes. Talvez essa seja a melhor maneira de definir Zinedine Zidane. Durante sua carreira, Zidane venceu tudo o que um futebolista pode ganhar, por clubes e por sua seleção, sendo o grande destaque de sua equipe na maior parte desses triunfos.
Zidane iniciou sua carreira no modesto AS Cannes da França, em 1989, permanecendo no clube até meados de 92, quando foi contratado pelo Bordeaux. Seu futebol rendeu sua primeira convocação para a França em 94, e em 96, apesar de uma Euro apagada, foi contratado pela Juventus da Itália.
Após um acidente de carro que o impediu de jogar no início da temporada, Zidane fez uma boa temporada, vencendo o Campeonato Italiano (96-97) e chegando até a final da Champions, mas acabou perdendo. Isso se repetiria na temporada 97-98.
Zidane chegou como terceiro melhor do mundo na Copa de 98. Na fase de grupos foi expulso, retornando nas quartas de final contra a Itália. A França passou para as semifinais nos penaltis, e se classificaram para a grande final vencendo a Croácia. O Brasil, adversário, acabou sendo dominado e sua maior estrela, Ronaldo (que havia tido convulsões poucas horas antes do jogo), se contundiu após choque com o goleiro Barthez. Zidane marcou dois gols de cabeça, em cobranças de escanteio e sagrou-se Campeão Mundial.
Apesar da grande atuação na final, e de uma boa semifinal, Zidane não foi sequer indicado ao prêmio de melhor da Copa, sendo Thuram, zagueiro autor de dois gols na semifinal, o francês mais bem colocado, em terceiro.
Se o prêmio de Melhor da Copa não veio, a Bola de Ouro da France Football e os prêmios de melhor do mundo da FIFA e da World Soccer vieram. Zidane seguiu sem grandes títulos na Juventus, mas com a França venceria a Euro 2000, sendo o grande destaque da competição, votado o melhor do torneio. Isso renderia a Zizou seu segundo prêmio de melhor do mundo da FIFA e o segundo lugar na Bola de Ouro. 
Em 2001 Zidane se transferiu para o Real Madrid, que pagou a multa recorde de 75 milhões de euros. Logo em sua primeira temporada venceu a Champions League, marcando o golaço da vitória na final. Na temporada seguinte o Real Madrid venceria a Copa Intercontinental (que eu inclusive esqueci de falar, mas ele já havia ganhado pela Juve) e o Campeonato Espanhol.
Em 2003 Zidane venceu mais um prêmio de melhor do mundo da FIFA, seu último. Após a saída de Makélélé o Real Madrid passaria por uma fase de poucos títulos, pois este foi substituído por Beckham, deixando o time sem equilíbrio entre ataque e defesa. 
A última grande aparição de Zidane foi na Copa do Mundo de 2006, na qual ele marcou 3 gols e levou o time francês à final, mas acabou sendo expulso por uma cabeçada em Materazzi. Uma curiosidade é que essa não foi a primeira cabeçada da carreira de Zidane (digo em um adversário, deixamos o vídeo de outra cabeçada abaixo). É triste dizer isso, mas a última imagem da carreira de um gênio, um gigante do futebol, foi a cabeçada (ele, como havia planejado, se aposentou após o mundial). A França terminou perdendo nos penaltis para a Itália. Zidane, apesar de tudo, recebeu o prêmio de melhor da Copa e foi votado segundo no prêmio de melhor do mundo da FIFA.

Cabeçada de Zidane em adversário nos seus dias de Juve.

A palavra "melhor" nessa página foi repetida muitas vezes, mas fica difícil não usá-la o tempo todo ao falar de Zidane. Abaixo vamos a alguns de seus melhores jogos e outros bons vídeos de Zidane. O meu favorito é a compilação de jogadas feitas entre Zidane e Ronaldo.

Lances de Zidane contra Portugal, na Euro 2000.

Lances de Zidane contra o Leverkusen, na final da Champions. O jogo ficou famoso pelo golaço de Zizou.

Não é uma das minhas melhores lembranças no futebol, mas Zizou jogou muito contra o Brasil em 2006, inclusive aplicando um chapéu em Ronaldo.

Esse vídeo é uma coleção de jogadas de Ronaldo e Zidane quando jogaram pelo Real Madrid.

22 minutos de lances de Zidane. Seu estilo elegante me lembra Sócrates.

Caso queiram mais vídeos de Zidane, aqui vão duas dicas de canais.
http://www.youtube.com/user/rifway22/featured (rifway. Uma das primeiras coisas que vocês verão na página serão duas listas de reprodução com vídeos do Zidane. 
http://www.facebook.com/aartfut?ref=ts&fref=ts (Nossa página no Facebook. Quem sabe não postamos algum vídeo raro dele por lá?)

Definitivamente um dos melhores jogadores que eu já vi, independentemente de números.



Postagem Relacionada


O próprio Zidane afirma que Ronaldo foi o melhor jogador de sua geração, tendo dito também que o fenômeno foi o melhor jogador da história. Clique AQUI para ler sobre o maior artilheiro das Copas e ver o que impressionou tanto ao francês.