Os jogos de hoje e domingo trouxeram a estreia de um trio que veio para o Brasil com grandes expectativas. Falo dos dois melhores jogadores do mundo, Messi e Cristiano Ronaldo, além da seleção alemã. Após falar brevemente sobre os jogos, tentarei fazer uma análise curta e objetiva.
Messi entrou em campo no domingo, em condições ideais para exibir seu futebol. O craque do Barcelona conta esse ano com um time mais forte e organizado do que era a Argentina de quatro anos atrás, e sua seleção tem três partidas teoricamente fáceis na fase de grupos. Ontem foi jogada a primeiro delas, e o segundo melhor jogador do mundo não decepcionou. Mas também não deu show.
Com apenas dois minutos de jogo ele cobrou falta e Kolasinic desviou, marcando contra. Mas, no primeiro tempo, Messi e a Argentina pararam por aí, esbarrando na marcação da Bósnia. A seleção europeia ainda teve algumas chances de empatar, aos 13 e aos 40, mas em ambas as ocasiões o goleiro Romero apareceu bem, e a Albiceleste levou a vantagem para o vestiário.
O gol contra de Kolasinic
A Argentina voltaria para o segundo tempo com duas alterações. Híguaín e Gago entraram, e o primeiro participou decisivamente do jogo. Aos 20 minutos da etapa complementar, ele tabelou com Messi, que avançou através da defesa da Bósnia e mandou um chute indefensável, espantando o fantasma da falta de gols em Copas com um golaço.
Golaço de Messi, em sua jogada característica
O gol tranquilizou o jogo, e a Argentina passou a administrar a partida, tocando a bola com perigo, mas sem conseguir uma chance clara de gol. Aos 39 minutos, quando a Bósnia parecia estar entregue em campo, eles conseguiram um gol que ameaçou incendiar o jogo, com Ibisevic (não consegui um bom vídeo). Mas a seleção europeia não tinha mais forças para buscar o empate, e o placar terminou em 2 a 1 para a Albiceleste.
Embora apagado em alguns momentos, Messi estreou com golaço e vitória.
O jogo entre Portugal e Alemanha colocou frente a frente o melhor jogador do mundo e, possivelmente, a melhor seleção do mundo. Após a excelente temporada que o português fez no Real Madrid, e sua consagrante atuação contra a Suécia com a camisa lusitana, havia (e ainda há) muita expectativa de que Cristiano Ronaldo pudesse liderar sua seleção a uma grande campanha. No entanto não era o dia do gajo.
Já Cristiano Ronaldo acabou não tendo tanta sorte.
Era o dia de Thomas Müller. Após um início em que cada seleção teve sua chance de gol (Portugal com CR7, e a Alemanha com Khedira), Götze foi derrubado na área, e Müller abriu o placar, aos 12 minutos de jogo. A Alemanha ampliaria aos 32, em cabeçada do zagueiro Hummels, após escanteio.
Mas se as coisas já estavam difíceis para Portugal, ficariam ainda piores após Pepe agredir Müller, com uma cabeçada, e ser expulso. A Alemanha chegaria ao terceiro gol ainda no primeiro tempo, com o autor do primeiro gol marcando novamente.
No segundo tempo, com o jogo já decidido, a Alemanha "tirou o pé", enquanto Portugal tentou sua sorte. Cristiano Ronaldo foi que mais arriscou, chutando sete vezes, mas assustou apenas em uma cobrança de falta, já no final do jogo. Enquanto isso a Alemanha levava perigo nos contra ataques, e em um deles, aos 32 minutos, o camisa nove Schürle cruzou, o goleiro Rui Patrício não segurou, e Müller apareceu para marcar o terceiro dele no jogo, encerrando a goleada.
Gols do jogo entre Portugal e Alemanha. Clique AQUI para os melhores momentos.
O jogo entre Portugal e Alemanha mostrou três coisas, duas das quais são bem conhecidas. A primeira que a Alemanha é uma grande seleção, candidatíssima ao título. Junto com a Holanda foi o time mais convincente da primeira rodada. A outra é que diferente do que foi divulgado Cristiano Ronaldo não está, ainda, em seu melhor condicionamento físico, o que justifica, em parte, sua atuação apagada. Isso se deve a recente lesão que quase o tirou da estreia de Portugal.
Creio que CR7 vai se recuperar a tempo, e que ele será decisivo para a classificação de Portugal para as oitavas, quando Portugal provavelmente enfrentará a Bélgica, que estreia amanhã. No entanto, acho que a seleção do melhor do mundo não passará pelo time de Hazard, que, creio eu, será a grande "surpresa" do torneio, no sentido de ser uma seleção sem tradição, mas que deverá ir até as quartas, se não mais longe. Claro, uma vez jogando contra os diabos vermelhos, os lusitanos terão chances razoáveis de vencer, mas eu acho a seleção belga mais time.
Enquanto isso a Alemanha deve passar sem problemas no grupo, sendo isso quase uma certeza. Se a Bélgica cumprir seu papel de cabeça de chave, o que é razoavelmente provável, terão um adversário tranquilo para as oitavas. Estarei na torcida para que Klose não seja utilizado e não quebre o recorde de Ronaldo.
Algo inusitado é que enquanto o atacante da Lazio pode superar a marca do brasileiro nessa Copa, Müller, com apenas 24 anos já está a 7 gols de alcançar o fenômeno nos gols em mundiais, tendo boa chance de fazê-lo no futuro. A excelente média de Müller em copas (1 gol por jogo), é bastante curiosa, contrastando com sua média por clubes (0,4) e pela seleção alemã em outras partidas (0,29). Deixo bem claro que o considero um excelente jogador, mas, tendo acompanhado seus jogos nos últimos anos eu não poderia deixar de ficar surpreso com seu desempenho em Copas, que vem sendo ainda melhor do que o esperado.
Muller é o artilheiro dessa Copa, e pode passar marca de Ronaldo no futuro.
A Argentina tem um grupo tranquilo, deverá passar em primeiro, com Messi devendo fazer mais gols e ir ganhando cada vez mais confiança na competição. O time Albiceleste é forte, contando com nomes como Agüero e Dí Maria, além de Messi. Se com essa equipe o craque do Barça jogar tudo o que sabe, sua seleção passa a ter a possibilidade de bater qualquer outra, tornando-se séria candidata ao título.
Messi já se livrou da pressão de marcar gols. Deverá ficar mais a vontade em campo. Assim sendo, onde ele irá parar?
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O grupo D era, e continua sendo, considerado o grupo da morte, já que conta com três seleções que já foram campeãs do mundo, além da Costa Rica. Ontem tivemos a primeira rodada dessa chave.
A primeira rodada seria tranquila para o Uruguai, já que eles jogaria o adversário mais fraco do grupo, enquanto Itália e Inglaterra enfrentariam. Só que faltou combinar com a Costa Rica... Quando a bola rolou, uma Celeste apática foi dominada pelos seus adversários, que saíram com um merecido 3 a 1, de virada. No outro grande jogo do dia a Itália mostrou sua força, ao bater a Inglaterra por 2 a 1. Focaremos nosso post de hoje nessas partidas. Para organizar melhor, nosso texto será dividido em partes.
1. Costa Rica x Uruguai
Desde o início os costarriquenhos mostraram que a Celeste não teria moleza, mas aos poucos o Uruguai foi se soltando e aos 15 minutos chegou ao gol com Godín, mas a arbitragem anulou corretamente (havia impedimento no lance). Minutos depois nova chance para os bicampeões mundiais, mas Cavani errou o alvo. O atacante do Paris Saint German se redimiria em seguida, convertendo um penalti sofrido por Lugano, aos 22 minutos.
Cavani abre o placar para o Uruguai
Mas, ao invés de tomar controle do jogo, o Uruguai parou por aí. Foi a equipe costarriquenha que passou a ameaçar. Aos 26 Campbell obrigou Muslera a trabalhar, e aos 42, quase veio o empate em cobrança de escanteio. Pouco depois Forlán esteve perto de ampliar, em um raro ataque Celeste.
O segundo tempo começou bastante disputado, e a Costa Rica se aproximava do empate. Ele quase veio quando Bolaños cobrou falta e Duarte cabeceou, mas Muslera defendeu. Aos nove minutos, Gamboa fez novo cruzamento e a defesa Celeste falhou, deixando Campbell sozinho: o atacante dominou e soltou um bomba, marcando um golaço.
Golaço de Campbell
A Costa Rica se empolgou, e continuou indo para cima, e apenas dois minutos depois, em uma jogada quase repetida, Bolaños cobrou falta e Duarte cabeceou, dessa vez sem chances para Muslera. Aqui, é preciso fazer uma menção ao fato de o zagueiro estar em impedimento na hora da cobrança, mas foi um lance tão difícil que nem os uruguaios reclamaram.
Belo gol da Costa Rica
Após estar em desvantagem o Uruguai finalmente tentou pressionar, mas não conseguiu criar muitas chances de gol, nem mesmo com as substituições promovidas por Óscar Tabárez. Uma cabeçada de Cavani, aos 25, seria o mais próximo do empate que a Celeste chegaria. Aos 41 minutos aconteceria o impensável: Campbell, o nome do jogo, deu passe espetacular para Ureña, que mal havia entrado, e ele tocou com categoria na saída de Muslera, dando números finais ao jogo. Costa Rica 3, Uruguai 1.
Não consegui um vídeo só com o terceiro gol, esse tem todos os gols do jogo
2. Itália x Inglaterra
Muito se falou sobre como o calor de Manaus poderia atrapalhar Itália e Inglaterra. De fato, na hora do jogo os termômetros marcavam 30ºC, mas isso não impediu que uma grande partida fosse jogada.
O English Team começou melhor, aproveitando a fragilidade, quem diria, da zaga italiana. Por três vezes os ingleses estiveram perto do gol, duas vezes em chutes de fora da área e outra após perigoso cruzamento de Sterling. Mas foi a Azurra que abriu o placar. Aos 35 minutos, após cobrança de escanteio, Pirlo fez um corta luz sensacional, deixando a bola passar para Marchisio, que chutou no cantinho, marcando um belo gol.
A Inglaterra respondeu dois minutos depois. Rooney fez belo cruzamento e deixou Sturridge na cara do gol. O centroavante inglês apenas completou para as redes. O jogo seguiu movimentado, e no final do primeiro tempo a Azurra pressionou. Pirlo deu excelente passe para Balotelli, que tirou o goleiro, mas ficou sem ângulo. Mesmo assim o camisa 9 italiano finalizou, e quase fez um golaço, mas a zaga inglesa tirou em cima da linha. Na sequencia, Candreva recebeu na área, e acertou a trave.
Balotelli quase fez um golaço
O segundo tempo começou igualmente movimentado. A Inglaterra ameaçou com Sturridge, que chutou perigosamente, de fora da área, mas Sirigu, reserva do lesionado Buffon, defendeu. Na sequência Candreva fez um cruzamento preciso, e Balotelli cabeceou para o gol.
Após isso o jogo virou praticamente uma partida de ataque contra defesa. A Inglaterra tentou alguns chutes de fora da área, com Rooney e Sturridge, mas o primeiro foi defendido por Sirigu e o segundo raspou a trave. A melhor chance inglesa viria aos 17 minutos: Rooney recebeu dentro da área, cortou a marcação e chutou, mas a bola foi, por pouco para fora.
A partir daí as duas equipes começaram a dar sinais de cansaço, e a criação de jogadas ficava difícil, com alguns erros em passes e cruzamentos. As melhores chances vieram na bola parada. A Inglaterra chegou perto em faltas de Baines e Gerrard, mas a Itália, quase no fim do jogo, respondeu com uma cobrança incrível de Pirlo, que acertou a trave.
Os gols do belo jogo entre Itália e Inglaterra
3. Perspectivas do grupo da morte
Mesmo após a vitória de ontem e com a liderança (no saldo de gols), a Costa Rica continua sendo vista pela maioria como a seleção mais fraca do grupo. De fato, ainda creio que eles continuam sendo o time com menos chance de classificação. Eles tem uma bola aérea forte, disposição e um grande atacante, Campbell, mas no geral, acho que eles há uma certa diferença técnica entre eles e as demais seleções da chave.
O Uruguai, após a derrota de ontem ficou com a corda no pescoço, precisa ganhar da Inglaterra para seguir vivo na competição. Se pensarmos que ano passado, na Copa das Confederações, eles conseguiram um empate contra a Itália, e que terão a volta de Luiz Suárez neste jogo, eles têm chances razoáveis de vitória. De fato, posso "queimar a língua", mas acho que a Celeste vai jogar com sua tradicional raça e vencerá o English team, e terminará passando da fase de grupos. Todavia, por ter um time envelhecido e, em alguns setores limitado, não acho que eles irão muito longe no torneio.
A Inglaterra jogou bem contra a Itália, e tem grandes chances de vencer o Uruguai. Analisando apenas as escalações das duas equipes e suas performances, diria que o English team é favorito no jogo decisivo do dia 19. Mesmo assim, tenho o pressentimento, ou opinião arbitrária, que eles não vencerão a Celeste, sendo portanto eliminados na primeira fase.
A Itália, fugindo um pouco às suas tradições, demonstrou fragilidade defensiva tanto ontem quanto nos últimos amistosos antes da Copa. No entanto a seleção de Prandelli tem um meio campo bastante qualificado e conta com Balotelli no ataque, razão pela qual creio que esta seja a seleção mais forte deste grupo. Com a vitória de ontem, deve passar da primeira fase, e, se conseguir reparar suas falhas defensivas (o que é perfeitamente possível), será uma seleção muito difícil de ser batida, podendo brigar pelo título.
Por agora isso é tudo. Abaixo o vídeo da cobrança de falta magistral do Pirlo, que acabou acertando a trave. Se quiser seguir a nossa cobertura da Copa, clique AQUI para curtir a nossa página no facebook.
Falta brilhante de Pirlo.
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Acredito na Celeste de modo um tanto arbitrário. Já de forma mais racional, acredito na Fúria. Clique AQUI e veja as razões.
Foi um início atípico de jogo. A Espanha não conseguia encaixar seu estilo de toque, e, aos 7 minutos, Sneijder quase abriu o placar para a Holanda. Mas as coisas foram se normalizando aos poucos e a Fúria passou a controlar o meio campo, aumentar sua posse de bola e finalmente a chance de gol apareceu, quando Diego Costa foi derrubado na área e Xabi Alonso abriu o placar. Mas como dizia Drumond, "Bem aventurados os que não entendem nem aspiram a entender de futebol", afinal, mal sabíamos nós que aquele era o princípio de um massacre... Laranja, ou melhor, azul.
Minutos depois, Van Persie empatou o jogo, e, na segunda etapa incríveis 4 bolas foram parar no fundo da rede de Casillas. Ainda mais surpreendente foi a maneira como a Holanda criou não só as jogadas dos gols, mas também outras chances, que poderiam ter deixado o placar ainda mais elástico. É, o grande jogo do dia nos deu muitos assuntos para escrever.
Chocolate da Holanda, e muito golaços.
Imagino que estejamos todos um pouco "eufóricos" após ver a Espanha ser derrotada de forma tão acachapante, mas deixando a empolgação de lado a primeira coisa que eu gostaria de dizer é que meu respeito pelo time da Espanha não diminui em nada depois dessa partida. Ok, diminuiu um pouco, mas não muito.
Não achava que a Fúria estivesse chegando com uma equipe muito acima das demais, nem que fosse a grande favorita ao título. A performance da Espanha na Copa das Confederações ano passado já havia mostrado que eles eram "vencíveis", o que foi evidente tanto contra o Brasil quanto contra a Itália. Ambas as partidas citadas também mostraram que para vencer os campeões mundiais o que era necessário era encará-los de igual para igual, sem enxergá-los como um super time.
Tudo isso ficou evidente mais uma vez ontem. Enquanto a partida estava 0 a 0, a Holanda estava fechada, respeitando a Espanha, e a Fúria era melhor. Apenas quando se viu em desvantagem no placar o time de Robben, Sneijder e Van Persie saiu para o jogo, e, quando fez isso, foi muito superior em campo. Outro ponto notável ontem é que, ao que parece, o preparo físico dos atuais campeões mundiais não está tão bom assim, porque a Laranja Mecânica, hoje de azul, também se mostrou muito superior nesse aspecto.
Entretanto, essa derrota não significa que a Espanha deixou de ser um grande time, ou que não possa ganhar a Copa. O preparo físico parece estar ruim, o moral da equipe também deve estar baixo, mas tudo isso pode mudar no decorrer do torneio, e um insucesso como esse pode acabar sendo a motivação que a Fúria precisa para mais uma vez mostrar o seu melhor futebol. E se alguém achar que quem começa uma Mundial desse jeito não tem chances, digo que a Alemanha, em 54, perdeu na fase de grupos para a Hungria, por 8 a 3, e acabou vencendo esse mesmo time na final.
É Casillas, não foi seu dia...
Mas, se a Espanha quiser novamente levantar a taça de campeã da Copa do Mundo vai precisar reencontrar o bom futebol rapidamente. Diferentemente da Argentina eles caíram em um grupo difícil, e agora há dois cenários razoavelmente prováveis em que a Fúria não se classifica para as oitavas de final:
1. Holanda, Espanha e Chile vencem a Austrália, Chile e Espanha empatam, e a Holanda vence o Chile. Com essa combinação a Holanda provavelmente passaria ao lado do Chile, devido ao saldo de gols ruim da Fúria.
2. A Austrália perde todos os seus jogos, a Espanha vence o Chile, e o Chile ganha da Holanda. Novamente a Fúria ficaria fora (provavelmente), devido ao saldo de gols.
Para finalizar sobre os atuais campeões do mundo, digo que a Espanha era um grande time antes desse jogo, do mesmo patamar de outros que estão disputando o torneio, e assim permanece.
Falemos agora da Holanda. A Laranja Mecânica jogou uma partida absolutamente fantástica, sendo superior desde o momento em que fez o gol. É verdade que David Silva quase marcou 2 a 0 para a Espanha, mas foi um lance isolado. No entanto, a excelente atuação de ontem não significa que eles vão trucidar todos os seus adversários. O que ela demonstra é que eles são fortes candidatos ao título.
Naturalmente essa forte seleção pode nos brindar com um excelente futebol em suas próximas partidas, talvez com goleadas até maiores, quem sabe, mas não podemos afirmar isso tomando como base apenas o jogo de ontem. Antes de finalizar apenas passando rapidamente pelos outros jogos, o Chile venceu a Austrália, por 3 a 1, complicando ainda mais a vida da Espanha e o México venceu Camarões por 1 a 0.
Foi o do Van Persie...
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Imagino que todos lendo isso tenham visto o jogo inaugural da Copa entre Brasil e Croácia. É neste jogo que nos focaremos nessa "volta às postagens". Em linhas gerais foi um bom jogo, bastante disputado, com as duas equipes se esforçando ao máximo (como tinha que ser, afinal). Vamos dividir nosso post em duas partes.
1. O Jogo
O Brasil começou um pouco tenso, com a pressão da estreia, do favoritismo na partida e de jogar em casa, e a Croácia começou assustando, com uma cabeçada de Olic. Quando o Brasil começava a tentar acalmar o jogo, o mesmo Olic cruzou e Marcelo acabou desviando contra a nossa meta. O lateral teve de fazer o seu melhor para segurar as lágrimas.
O gol contra marcado por Marcelo
Após o gol o Brasil partiu para cima, e as chances começaram a aparecer, sempre com a participação de Oscar. Primeiro o meio-campista acertou bom passe para Paulinho, que se livrou da marcação e chutou para a defesa do goleiro Pletikosa. Na sequência o jogador do Chelsea pegou o rebote de uma jogada que ele próprio havia iniciado (com o lançamento para Neymar) e chutou de primeira, para nova defesa de Pletikosa.
Finalmente, Oscar foi desarmado no meio campo, mas não desistiu do lance, pelo contrário, recuperou a bola e tocou para Neymar, que escapou da marcação e chutou no cantinho, para anotar um belo gol. Na sequência o jogo se manteve morno até o intervalo.
O primeiro gol de Neymar, um belo gol.
Na segunda metade a Croácia entrou bastante fechada (aliás, assim estava desde o gol contra) e o Brasil tinha dificuldades para criar chances. A bem da verdade, até 24 minutos, só tínhamos assustado em uma cobrança de falta de Daniel Alves. Foi quando Fred foi derrubado na área... Ou não. O camisa nove da seleção recebeu de Oscar dentro da área e se atirou em uma tentativa "tosca" de cavar um penalti. O juiz foi na dele e marcou. Neymar cobrou e fez o gol da virada.
O gol da virada do Brasil
Em desvantagem no placar a Croácia saiu em busca do empate, e conseguiu um gol, anulado pela arbitragem, que alegou falta em Júlio César. Nossos adversários continuaram tentando empatar, e chegaram perto em chute de Modric, bem defendido pelo nosso goleiro. Júlio acabou não indo tão bem na bola seguinte, rebatendo para o meio da área, mas nossa defesa conseguiu neutralizar o rebote. Na sequência do lance a bola chegou até Oscar, que deu uma bela arrancada e coroou sua atuação com um belo gol, marcado de bico, dando números finais ao jogo.
O gol marcado por Oscar
Após essa breve descrição do jogo vamos à algumas análises. Primeiramente eu gostaria de dizer que, embora tenha sido boa, diria até muito boa, nossa estreia não foi perfeita.
2. Análises
Defensivamente nossos laterais deixaram a desejar, em particular Daniel Alves estava dando muito espaço para Olic (inclusive no lance do gol), e Marcelo acabou marcando um gol contra. Já no campo de ataque penso que em alguns momentos faltou criatividade para a nossa seleção e que o Paulinho poderia ter aparecido mais no jogo. Além disso o Fred foi praticamente nulo em campo e o Hulk, embora tenha se esforçado foi pouco produtivo. Outro ponto que merece nossa preocupação é a maneira como a Croácia conseguiu controlar o meio campo por alguns minutos, após estar em desvantagem.
Sim, houve vários ponto negativos na seleção, mas por outro lado há de se comemorar que:
- Conseguimos vencer, ganhando os três pontos e encaminhando a classificação.
- Nossa seleção demonstrou poder de reação.
- O Brasil jogou com muita raça.
- Neymar ultrapassou Messi no número de gols em Copas conseguiu fazer gols e ganhou confiança para a sequência do torneio.
- Oscar, o melhor jogador da partida, voltou a jogar um grande futebol na seleção, e ele deverá ser importantíssimo nos próximos jogos.
Acho que por hoje é tudo. Vamos acompanhar a sequência da Copa e estar sempre escrevendo sobre os jogos do Brasil, faremos alguns comentários gerais e talvez faça algum post sobre outro jogo. Se você quiser seguir acompanhando, clique AQUI para curtir nossa página no facebook.
Faz um bom tempo que eu não posto nada. Queria pedir desculpas pela falta de postagens, não está fácil achar tempo para escrever. Garanto que nunca tive a intenção de abandonar o blog, mas estava difícil arrumar tempo para escrever.
"Apenas corra, ele vai encontrar um jeito de passar para você". Essa orientação dada por companheiros de time de Laudrup a outro jogador que chegasse a equipe mostra qual era o nível de habilidade desse meio campista quando o assunto são passes. Sinceramente não consigo pensar em ninguém melhor do que ele nesse fundamento.
Michael Laudrup era um meia tão técnico, com uma visão de jogo e precisão de passe tão elevadas, que seus lançamentos e assistências fazem Iniesta e Xavi parecerem amadores. Não só isso, era incrivelmente habilidoso e finalizava bem, sobretudo de fora da área, um jogador mais do que incrível. Assistam os vídeo abaixo e vejam se eu tenho ou não razão.
Compilação geral de Laudrup. "Michael foi o maior jogador dos anos 90", Beckenbauer.
Compilação de 11 minutos focando os passes de Laudrup. Deixar os companheiros na cara do gol era realmente o que ele fazia melhor.
Se alguém ainda estiver em dúvida do quão espetacular Laudrup era como passador (possivelmente nisso foi o melhor da história no fundamento), este vídeo de 84 minutos está aí para acabar com qualquer incerteza.
Michael Laudrup iniciou sua carreira no KB, da Dinamarca, em 1981. Na temporada seguinte se transferiu para o Brondby FC, clube no qual seu pai havia encerrado a carreira. Nesta equipe, começa a dar mais mostras de seu potencial, ficando em terceiro na tabela de artilharia e faturando o prêmio de jogador dinamarquês do ano, em 1982. Com esse nível de atuação, naturalmente chamou a atenção de gigantes do futebol europeu e em 1983 se transferiu para a Juventus.
Transferindo-se para a equipe italiana, à época uma das mais fortes do mundo, as expectativas eram de que a carreira de Laudrup deslanchasse, mas os eventos não transcorreram conforme o esperado. Em função de as regras da época limitarem a dois o número de estrangeiros por equipe, e de a Juventus já contar com o francês Platini e o polonês Boniek, o dinamarquês foi emprestado à Lazio (que havia subido à primeira divisão no ano anterior). Após duas temporadas com boas atuações, volta a equipe de Turim, que agora já não mais contava com Boniek.
Na Juventus forma uma dupla incrível com Platini, levando o time a mais um título italiano e à conquista da Copa Intercontinental na temporada 85-86. Após isso, os dois craques estrangeiros da equipe de Turim tiveram diversos problemas com lesões, levando à equipe a ficar sem títulos na temporada seguinte. O mesmo se repetiria nos anos seguintes, com a saída de Platini e a queda de produção de Laudrup. Em 1989, já com 25 anos, o dinamarquês se transfere ao Barcelona.
Nesse momento você, que possivelmente nunca ouviu falar sobre Laudrup e está lendo essa postagem deve estar desapontado. Sim, porque até os 25 anos tudo o que ele teve em termos de títulos foram um Italiano e um Intercontinental, e ainda poderia se dizer que ele só alcançou essas conquistas "na aba" de Platini. Também não tinha tido uma grande premiação individual. Havia feito lances bonitos, mas ao que parece não era tão bom assim, não é?
Não, não é. Realmente se trata de um craque fora de série, o tipo de jogador acima da média até em comparação a outros craques, mas que ainda não tinha demonstrado quase nada de seu potencial. Os anos seguintes provariam isso.
No Barcelona Laudrup faria parte da equipe comanda pelo seu ídolo de infância, Cruyff. O clube catalão à época havia vencido apenas um espanhol nas últimas 15 temporadas, e, por isso mesmo, tinha sede de títulos. O holandês montaria um time forte, e logo na temporada 89/90 viriam duas conquistas: a Copa do Rei e a extinta Winner's Cup.
Na sequência o Barcelona contrataria um importante reforço, o Búlgaro Hristo Stoichkov, fortificando ainda mais seu time. Com isso teriam um grande sucesso nos anos seguintes, vencendo o Espanhol nas temporadas 90-91 e 91-92, nesta última ganhando também a Champions League. Nesse ponto da carreira Laudrup era claramente o melhor jogador do barça, que era, ao lado do Milan, o mais forte time da época. Teria então tudo para ganhar a Bola de Ouro.
Mas faltava algo: muitas vezes Laudrup ficava devendo com a seleção dinamarquesa, que, embora contasse com ele, o goleiro Schmeichel e seu irmão, Brian, não havia sequer se qualificado para a Euro 92 (Michael e seu irmão não jogaram os 3 últimos jogos da classificação para o torneio, por problemas pessoais com o treinador). No entanto os dinamarqueses acabaram ingressando na competição depois que Iugoslávia perdeu sua vaga devido à guerra civil no país. Laudrup, no entanto, achou que as chances de sua seleção no torneio eram tão baixas que ele preferiu tirar férias a participar do certame.
Certamente ele se arrependeu dessa decisão, pois sua seleção, que realmente tinha alguns bons jogadores chegou à semifinal contra a então campeã Holanda, o que daria a ele uma boa oportunidade de mostrar suas habilidades em um duelo com Van Basten. Porém as surpresas estariam apenas começando: a partida terminou empada em 2 a 2, e, nos pênaltis a Dinamarca passou.
Na final mais uma surpresa: 2 a 0 para cima da campeã mundial Alemanha, e Laudrup havia perdido a oportunidade de ganhar tanto a Bola de Ouro quanto o recém criado prêmio de Melhor do Mundo da FIFA. Embora muitos considerem, inclusive eu, que nesse momento ele era o melhor jogador do planeta, o dinamarquês não ganharia nenhuma das premiações, perdendo ambas para Van Basten.
Laudrup manteria o alto nível de atuação, e o Barcelona venceria mais um Campeonato Espanhol, o terceiro em série. Todavia uma grande mudança aconteceu na temporada seguinte: o clube catalão contratou Romário, um quarto estrangeiro, e, como as regras da UEFA permitiam que uma equipe jogasse com apenas três atletas de outro país, os quatro teriam de se revezar.
Apesar disso a temporada 93-94 foi bastante positiva para o barça, que venceu mais um Campeonato Espanhol, com direito a um sonoro 5 a 0 no Real Madrid e se classificou para a final da Champions. Todavia Laudrup se desentende com Cruyff e este resolve não colocá-lo na final: o resultado foi um 4 a 0 para o Milan. O treinador da equipe italiana, Fábio Capello, diria: "O cara de quem eu tinha medo era o Laudrup, mas Cruyff decidiu deixá-lo fora e esse foi seu erro."
Laudrup em ação no 5 a 0 contra o Real. Sinceramente, não estava muito inspirado, mas assim mesmo fez um assistência.
Após esse jogo o tempo de Laudrup no Barcelona chegou ao fim, pois ele se transferiu para o Real Madrid. Na nova equipe, o dinamarquês mais uma vez mostra seu altíssimo nível: o Real quebra a série de títulos espanhóis do Barcelona e devolve o 5 a 0 da temporada anterior ao rival. Após esse jogo, Cruyff diria: "Quando Michael joga como um sonho, uma ilusão mágica, determinado a mostrar ao seu novo time suas habilidades extremas, ninguém no mundo chega perto do seu nível." Após essa conquista Laudrup se tornou o único futebolista a vencer o campeonato espanhol cinco vezes seguidas por times diferentes.
E aqui Laudrup no 5 a 0 contra o Real Madrid
Ainda no ano de 1995, Laudrup lideraria a Dinamarca a mais uma conquista, a Copa das Confederações. Michael deixaria o dele na final, contra a Argentina. Apesar de ser o principal jogador do Campeão Espanhol e da seleção campeã da Copa das Confederações, Laudrup não chegaria nem perto de vencer a Bola de Ouro ou o prêmio de Melhor do Mundo.
Algo curioso nessas premiações é que Zamorano, do Real Madrid, ficou a frente de Michael no prêmio da FIFA, sendo que 82% de seus gols naquele ano vieram de assistências do Dinamarquês, e, antes de sua chegada, a média do chileno no espanhol mal passava de 0,3 por jogo.
Os gols da vitória da Dinamarca contra a Argentina
Em 1996 Laudrup deixa o Real Madrid, passando a jogar por clubes de menor expressão, até que em 1998, vai para o Ajax, vencendo o Campeonato Holandês. Ainda naquele ano, Laudrup seria o capitão da Dinamarca na Copa do Mundo, fazendo uma grande exibição e chegando à seleção do torneio (apesar de sua idade e de sua seleção ser eliminada nas quartas de final). Após isso, o craque se aposentou.
Sinceramente acho um absurdo que sua carreira acabou sem uma Bola de Ouro ou um prêmio de melhor do mundo. Para mim Laudrup pode ser comparado a Zidane, inclusive marcou mais gols que o francês em menos jogos, tanto por seleção quanto por clubes, e tem mais assistências também, mas não afirmo que ele foi melhor, porque afinal futebol não se resume a números. Digo apenas que são dois jogadores comparáveis.
Se as premiações como a Bola de Ouro e o Melhor do Mundo da FIFA não deram tanta importância a Laudrup, após sua aposentadoria, receberia muito reconhecimento por parte de jogadores, comentaristas e técnicos. Abaixo deixo algumas citações sobre esse craque.
Romário: Ele é o melhor com quem eu joguei, e o quinto melhor da história do jogo. (Depois Romário diria que Ronaldo foi o melhor com quem ele jogou).
Iniesta: O melhor jogador da história? Laudrup. (Aliás, vemos semelhanças no estilo de jogo de Iniesta e Laudrup).
Beckenbauer: Pelé foi o melhor nos anos 60, Cruyff nos 70, Maradona nos 80 e Laudrup nos 90.
Guardiola: O melhor jogador do mundo. Não acredito que ele não ganhou um prêmio de melhor do mundo.
Um monstro, um dos jogadores que mais me impressionou em todas as minhas pesquisas. Acessando o canal neste LINK, você pode encontrar mais vídeos deste craque.
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Atlético e Olímpia mediram forças para determinar quem vai vencer a Copa Libertadores. Na verdade, enquanto escrevo esse texto, o jogo decisivo está em andamento, ainda 0 a 0. Particularmente acho que a equipe brasileira tem qualidade para vencer, muito embora tenha adquirido um certo "salto alto" após eliminar o São Paulo com show e goleada. Dali até a final os mineiros conquistaram apenas mais uma vitória, em cinco partidas. Isso sem contar a partida de hoje, 24/07.
O primeiro tempo foi bem morno, poucas chances de gol por parte do Atlético e a defesa mineira, talvez sentindo falta dos laterais, se mostrou frágil em algumas oportunidades. Os brasileiros estão precisando de um lance para incendiar o jogo. De qualquer forma, caso o empate continue por mais algum tempo, o Galo vai pressionar de qualquer forma; Guilherme deve entrar, a torcida vai empurrar, vejamos. Vai começar a segunda etapa.
Caramba, o Atlético está com sorte de campeão. Nem dois minutos do segundo tempo e gol do Jô, bola espirrada na área, falha da defesa paraguaia. Vejamos como continua a partida. Conforme o esperado a equipe brasileira partiu para cima, e quase saiu mais um: após rebote em chute de Tardelli, Jô cabeceou e a bola passou a apenas alguns centímetros da. Comparando com o boxe, podemos dizer que nesse momento o Olímpia está "tonto" com o golpe sofrido.
Jô abre o placar no Mineirão.
Nova chance atleticana nos pés de Jô, Silva acabou defendendo. Os dez minutos iniciais da segunda etapa foram dominados pelos brasileiros, mas com menos intensidade do que eu esperava. Agora uma bola na trave em cabeçada de Leonardo. Se continuar desse jeito o segundo gol deve sair em pouco tempo.
Após 10 minutos sem escrever mais nada, uma notificação de que o jogo esfriou, apenas mais uma chance para cada lado, além de destacar que a atuação do Ronaldinho, que claro, é craque, pode decidir a qualquer momento, e tudo que todos sabem, está sendo muito fraca até os 24 minutos da segunda etapa. Olha como as coisas podem mudar, quase gol do Leonardo Silva após falta cobrada pelo gaúcho. Agora entrou o Alecsandro no Galo.
34 minutos, bola na mão na área do Olímpia, mas é só. Como eu previ (e todo mundo sabia), Guilherme vai entrar. Bom chute de Ronaldinho e Tardelli perdeu o rebote inacreditavelmente, a sorte dele é que estava impedido no lance. Justamente esse atacante sai para a substituição atleticana.
Incrível a sorte de campeão do time mineiro. Ferrera, jogador do Olímpia driblou Victor e ficou com o gol aberto, mas escorregou na hora do chute. O Atlético todavia, não se mostra merecedor de tal sorte até aqui, já que nem faz uma grande pressão no adversário a sete minutos do fim. Vamos ver agora, que Manzur foi expulso e os brasileiros, portanto, jogarão com um a mais a partir de agora. Ronaldinho tem uma boa falta para cobrar. E bate mal, na barreira.
Gol do Atlético! Leonardo Silva, o zagueiro artilheiro, de cabeça após cruzamento de Bernard. Posso queimar a língua, mas o Galo está praticamente ganha a taça, já que terá 30 minutos com um a mais, empurrado pela torcida, para fazer um gol. Isso se não fizer nos próximos três minutos.
O Galo empata! Leonardo Silva, aos 42 do segundo tempo.
O Atlético pressiona em busca do terceiro gol, e força a barra para ver se consegue um penalti.Três minutos de acréscimo. Fim de jogo, vai ter prorrogação, como já expliquei anteriormente o Galo é favorito, o provável é que resolva sem penaltis.
Recomeça o jogo. 4 minutos e o Atlético, até aqui, apenas toca de um lado para o outro, esperando uma brecha. 8 minutos e dava até pra ter cochilad... na trave!!! Réver mandou ali na forquilha! E o Galo chega de novo, quase Guilherme! Foi só ameaçar cornetar que o Atlético acordou. Mais pressão: Josué quase encobre Silva, e enquanto eu digitava Réver tentou mais uma cabeçada. Outra boa falta para o Ronaldinho. Quem sabe agora. Não saiu nada, fim do primeiro tempo da prorrogação.
A partida começa de novo. O Galo tem 15 minutos para fazer um gol e evitar os penaltis. 4 minutos e até aqui só chuveirinho do Atlético, sem nada de maior importância. Parece que não vai dar para o Bernard, correu demais, não está conseguindo ficar em pé e chora nesse momento. Falta perigosa para o Olímpia. O Mineirão fez silêncio e quase gol paraguaio, a bola raspou a trave. Bernard volta para o campo.
Está chegando a hora da verdade, 12 minutos, se não sair gol nos próximos 3 minutos não sair gol, vai para os penaltis. O goleiro do Olímpia cai com a mão na coxa, deve ser catimba. Agora já temos 14 minutos. Bernard segue mancando.
Quase!!!! Alecsandro teve a bola para decidir. Cara a cara com o goleiro tocou por cima, mas o zagueiro Miranda tirou de cabeça. O jogo, tecnicamente não foi lá essas coisas, mas sem dúvidas foi muito emocionante. 20 segundos para o fim. Acabou, diferente do esperado teremos penaltis.
O Atlético pode até ganhar, mas acho que deveria ter sido mais agressivo na prorrogação. Se formos pensar em sorte, o Galo tem um grande favoritismo, pois vendo a campanha, há quase uma predestinação para que os mineiros sejam campeões. Só assistindo para saber. Como o meu time não estava jogando, torci para a decisão nos penaltis, que é mais emocionante.
Vai começar. O Olímpia bate primeiro: Miranda. Victor!!! Penalti mal batido, no meio, o goleiro do Galo defende (adiantou muito!). Alecsandro para o Galo... e gol! Ferrera para os paraguaios... gol. Vem Guilherme, e gol (Silva quase defendeu, mas a cobrança foi perfeita).
Candía... gol (bola no meio). Jô vai cobrar o próximo. Bola para um lado, goleiro para o outro. O Galo vai se aproximando da vitória. Aranda para os paraguaios... e mais um gol no meio. Gol de Leonardo Silva! Se o Olímpia perder o Atlético é campeão. Na trave!!!
Os penaltis do triunfo atleticano.
O Galo é campeão da Libertadores de 2013! Emocionante, eletrizante, parabéns ao Atlético Mineiro, que nos últimos jogos não foi tão brilhante assim, mas mereceu vencer. Mais um título do futebol brasileiro na competição sul-americana.
Antes de começar a falar sobre a melhor equipe montada pelo time do meu coração em todos os tempos, gostaria de fazer algumas considerações sobre o título do post. Primeiramente, muitos dirão que o chamado esquadrão do Corinthians na década de 50 acabou em 1954.
De fato, nesse ano o timão, que na época ainda nem tinha esse apelido, ganhou seu último paulista antes do famoso jejum de 23 anos. Todavia, é preciso lembrar que a equipe continuou competitiva nos anos seguintes, embora já sem a mesma força. Os feitos do Corinthians entre 55 e 57 incluem, além de boas campanhas no estadual, a conquista do Torneio Internacional Charles Muller (1955) e da Copa do Atlântico (1956). Por essa razão eu acredito que seria mais coerente pensar nesse esquadrão realmente acabando em 1957, quando Cláudio, Baltazar e Carbone deixam o time.
Outro ponto do título que merece uma explicação é a referência ao Time de Ouro da Hungria. Estabelecer esse paralelo entre a equipe do Corinthians e os Mágicos Magiares me pareceu uma boa homenagem ao esquadrão alvinegro pelas razões explicitadas abaixo.
A Hungria, que entre 50 e 54 dominou o futebol mundial, a nível de seleções, ficou por incríveis 31 ou 32 jogos sem perder (já vi textos indicando ambos os números, mas acredito que foram 31). De qualquer forma, o Corinthians, que entre 50 e 54 mostrou ser um dos mais fortes times do mundo vencendo vários torneios, não ficou atrás, pois conseguiu ficar 32 jogos invicto contra equipes estrangeiras. Feitas essas explicações iniciais, vamos falar sobre os jogadores e títulos dessa equipe alvinegra.
Principais Jogadores
Essa equipe do corinthians tinha uma interessante mescla de jogadores raçudos e craques, além de jogadores experientes e jovens, o que fazia o conjunto funcionar muito bem. Abaixo falamos sobre as principais peças alvinegras no período.
Gylmar: A frase "um grande time começa com um grande goleiro" certamente se aplica a essa equipe do Corinthians e ao Santos de Pelé, uma vez que ambos contaram com Gylmar dos Santos neves, praticamente uma unanimidade quando se pergunta quem é o melhor do Brasil nessa posição. Ele chegou ao Timão em 51, permanecendo por 10 anos, e de todos os jogadores alvinegros dessa época, foi o de maior relevância para a seleção, vencendo as Copas de 58 e 62. Com a camisa alvinegra, seu melhor momento foi na conquista do título do Paulista de 1954 quando garantiu o empate na decisão contra o Palmeiras. Tão destacada foi a sua atuação que após esse jogo a torcida alvinegra começou a chamá-lo de "Supremo Guardião do Campeão do Centenário", já que naquela ocasião a cidade completava 400 anos.
Roberto Belangero: "Um dos maiores jogadores, que eu vi bater mais bonito na bola, foi Roberto Belangero." Não, eu não posso dizer isso, porque infelizmente não tive o privilégio de ver esse craque jogar; essa frase é de ninguém menos que Nílton Santos. Roberto Belangero era um volante, o melhor da história do Corinthians, segundo muitos. Dono de uma elegância ímpar, ele era o principal articulador das jogadas de ataque dos Magiares do Brasil, mas nem por isso deixava de marcar, desempenhando também essa função, com muita raça. Serviu a Seleção em muitas oportunidades, mas acabou sendo cortado da Copa de 54 por uma opção no mínimo discutível do técnico e em 58 também ficou de fora do mundial, desta vez por contusão.
Baltazar: Se a Hungria tinha Kócsis, o "homem da cabeça dourada", o Corinthians tinha Baltazar, o "cabecinha de ouro". Oswaldo Silva chegou ao timão em 45, como meia-direita, mas mudou para centroavante algum tempo depois. Dizia ele que não era muito bom com a bola nos pés, mas com a cabeça era superior até a Pelé. Ainda hoje é o segundo maior artilheiro da história do Corinthians, com 267 gols, 71 dos quais de cabeça (se bem que seu busto no Pacaembu fala em 150). Pela seleção tem a boa marca de 17 gols em 31 partidas, tendo jogado as Copas de 50 e 54. Foi homenageado na marcha de carnaval "gol de Baltazar", que dizia:
Gol de Baltazar,
Gol de Baltazar,
Salta o "Cabecinha",
Um a zero no placar.
(bis)
O Mosqueteiro,
Ninguém pode derrotar,
Carbone é o artilheiro espetacular,
Cláudio, Luizinho e Mário,
Julião, Roberto e Idário,
Homero, Olavo e Gilmar,
São os onze craques,
Que São Paulo vai consagrar.
Cláudio: Creio que poucos times tenham contado com seus dois maiores artilheiros ao mesmo tempo. O Corinthians é um desses times, tendo contado, além de Baltazar, com Cláudio, autor de 306 gols pelo clube. Era um ponta tecnicamente perfeito: preciso nos dribes curtos, rápido e capaz de colocar a bola onde quisesse, estivesse ela rolando ou parada, fosse para um cruzamento ou um chute. Além de ter anotado mais tentos do que qualquer outro com a camisa do timão, o gerente, como era chamado, ajudou a consagrar seus colegas de ataque, com suas assistências (Baltazar aproveitou mais que qualquer outro). Pela seleção participou da conquista da Copa América em 1949, marcando 3 gols em 2 jogos (Tesourinha, que era o titular, marcou 7 gols nas outras 5 partidas do Brasil). Era um nome dado como certo na Copa de 50, ainda mais depois do corte de Tesourinha, mas Flávio Costa, em gritante exemplo de seu bairrismo, não o levou para o torneio.
Luizinho: Não sei apontar com certeza quem seria o melhor jogador dessa equipe, mas certamente Luizinho é um forte candidato ao posto. Além de ser rápido, bom finalizador e até conseguir fazer gols importantes de cabeça, Luiz Trochillo era um driblador fenomenal (chegou a aplicar 6 ou 7 canetas em um zagueiro do Palmeiras no mesmo jogo), que inflamava a torcida com suas fintas. A época o Corinthians chegou a recusar uma proposta de um milhão de dólares por esse meia direita. Também teve grandes atuações pela seleção, entre 55 e 57, chegando a marcar um gol que encerrou um tabu de 10 anos sem vitórias do Brasil contra a Argentina. Houve na imprensa quem dissesse que ele seria, na equipe nacional, o sucessor de Zizinho (ídolo de Pelé e melhor jogador da Copa de 50). Todavia, o pequeno polegar, como ficou conhecido, disse que não mais jogaria mais pelo escrete canarinho após ser cortado da equipe que disputaria a Copa de 58, e assim o fez.
Idário: Se eu dissesse que durante uma partida de futebol, em um único lance, um ponta esquerda driblou um lateral direito 14 vezes, você, leitor, ficaria mais impressionado pela participação de qual dos dois atletas na jogada? Eu acho mais inacreditável o que fez o defensor; que certamente era muito inferior ao adversário em termos técnicos, mas teve uma raça incrível para não desistir do lance em momento algum. Essa sequência de fintas foi realizada por Canhoteiro do São Paulo em Idário do Corinthians. Idário certamente não era nenhum craque, mas sua raça e amor a camisa fazem com que ele seja lembrado até hoje como o jogador mais raçudo da história alvinegra, sendo autor de frases como "não jogo por dinheiro, jogo por amor ao Corinthians", e chamado ainda hoje de "Deus da Raça" pelos torcedores do timão.
50-54: A Era de Ouro
Após uma campanha fraca no Campeonato Paulista de 1949 a palavra de ordem no Corinthians era renovação. Por essa razão, no Torneio Rio-São Paulo de 1950, a equipe alvinegra deu chance a uma geração de garotos vindo de uma boa geração da base, dentro os quais, Luizinho, Roberto Belangero e Idário, e ainda outros que não foram aproveitados, como, vejam que curioso, Julinho Botelho (que seria ídolo no Palmeiras, além de fazer quatro gols contra o próprio Corinthians em um dos primeiros jogos de Gylmar no alvinegro, quando defendia a Portuguesa).
O Torneio Regional voltava a ser realizado após 17 anos (oficialmente), ou 8, dependendo da fonte (algumas consideram a competição "Quinela de Ouro" de 1942 como um Rio-São Paulo), e passaria a ser disputado anualmente após aquela edição. O certame se tornou ainda mais valorizado quando a CDB colocou em jogo o título honorífico de Campeão Honorário do Brasil.
Apesar de contar com o esboço do maior time de sua história, parecia que o clube alvinegro teria mais uma campanha ruim: na estreia foi goleado pelo Flamengo, por 6 a 2. Todavia, houve tempo para que a equipe se recuperasse, e após vencer dois clássicos, contra São Paulo e Palmeiras, o Corinthians se projetava como candidato ao título.
A oportunidade para assumir a ponta da tabela surgiu no confronto contra o favorito ao título, a equipe extremamente forte do Vasco da Gama, que havia acabado de conquistar o Campeonato Carioca marcando não menos que 84 gols. Com o Pacaembu lotado e tendo sido jogada, imagino eu, uma partida incrível, o Corinthians saiu vitorioso, pelo placar de 2 a 1, gols de Cláudio e Baltazar.
O time campeão em 1950. Em pé: Luizinho, Nelsinho, Belfare, Hélio, Idário, Baltazar, Touguinha e Nilton. Agachados: Noronha, Cláudio e Bino.
Após esse decisivo e inesperado triunfo, a equipe alvinegra ganhou moral no torneio, e com mais duas vitórias, sobre Fluminense e Portuguesa, chegou a última rodada precisando de apenas um empate para garantir o título. Foi exatamente o que aconteceu, tendo a partida contra o Botafogo terminado 1 a 1. Baltazar foi o artilheiro da competição com 9 gols.
Essa conquista, do Rio-São Paulo, deu uma bela mostra do potencial daquela equipe, que teria belos momentos na sequência, como uma vitória contra um combinado uruguaio que contava com muitos jogadores que haviam vencido a Copa meses antes, mas não houve uma sequência de conquistas imediata. Nas duas competições seguintes, o Paulista de 1950 e o Rio-São Paulo de 1951, o Corinthians fez boas campanhas, mas viu o rival Palmeiras levantar ambas as taças.
Após perder esses títulos a equipe alvinegra sentiu a necessidade de se reforçar, e foi às compras, fazendo algumas contratações. Os reforços incluiam o goleiro Gylmar, o meia Carbone (que logo em seu ano de estreia seria artilheiro do Paulista) e o ponta-esquerda Mário (jogador tido ainda hoje como um dos maiores dribladores da história do clube, que daria origem a lendas por "não gostar" de marcar gols), e com esses jogadores o Corinthians vai chegar ao seu melhor momento.
No primeiro campeonato disputado com os novos reforços, embora Gylmar ainda estivesse no banco, o Corinthians fez uma campanha arrasadora no Paulistão de 1951. A equipe marcou 103 gols em 28 jogos, sendo essa a primeira vez em que um time superou a marca de 100 gols dentro do regime profissional no futebol brasileiro.
As principais estrelas do Corinthians na competição.
Com um ataque tão poderoso, o Corinthians não teve dificuldades para levantar a taça, terminando 7 pontos a frente do segundo colocado (lembrando que na época a vitória valia dois pontos). Na última rodada, já com o título assegurado, a equipe alvinegra bateu o Palmeiras por 3 a 1, tendo Luizinho marcado de letra o terceiro gol. Após essa conquista o timão foi excursionar no velho continente, e fez a maior exibição do futebol brasileiro na Europa até então.
É verdade que os Magiares do Brasil acabariam sendo derrotados pelo Besiktas logo na primeira partida da excursão, por 1 a 0, mas na sequência venceram 12 partidas e empataram 3. A excelente campanha no Velho Continente renderia ao Corinthians o título honorífico Faixa de Ouro do Futebol Brasileiro.
Pontos altos da excursão incluem uma goleada contra a Seleção de Gotenburgo por 9 a 3, além de um triunfo por 2 a 1 (os jornais disseram que o Corinthians merecia um placar mais elástico) contra o Malmo, então bicampeão sueco; o primeiro tento da partida foi um golaço de Luizinho, marcado após o mesmo driblar vários adversários e tabelar com Carbone. Também o vice-campeão da Suécia, o Djugarden, teria a oportunidade de jogar contra o Corinthians, e o resultado foi mais vitória alvinegra, desta vez por 3 a 2.
Vídeo histórico com imagens de dois dos jogos corinthianos na Suécia. Antes que alguém questione a qualidade dos adversários, gostaria de lembrar que o futebol sueco era forte, vice-campeão do mundo em 58, terceiro colocado em 50.
A partida mais emocionante da campanha alvinegra no Velho Continente foi na partida contra a Seleção da Dinamarca. Nessa partida, de acordo com os relatos, o Corinthians foi claramente prejudicado pela arbitragem, que chegou a assinalar três penaltis para a equipe local, dos quais apenas um teria existido, além de anular um gol alvinegro e não marcar uma penalidade que teria sido cometida sobre Luizinho. Relata-se que o juiz chegou a ser vaiado pela torcida presente no estádio. Deve ter sido uma atuação nível Amarilla. Apesar disso o Corinthians conseguiu abrir o placar, depois que Idário recuperou a bola pela direita, avançou e passou para Cláudio. O maior artilheiro da história corinthiana foi derrubado, mas levantou rapidamente, se livrou do marcador com uma bela finta, e cruzou para Luizinho abrir o placar. A equipe da Dinamarca empatou em um dos três penaltis que teve, tendo os outros dois sido defendidos por Gylmar, o nome do jogo.
Na última partida antes de voltar para o Brasil, o Corinthians conseguiu o placar mais elástico da excursão, ao bater a seleção de Halmstad por 10 a 1, com destaque para o quinto gol, marcado por Cláudio, fruto de uma tabela do mesmo com Luizinho, iniciada na região central do campo, além do sétimo, marcado pelo Pequeno Polegar após driblar vários jogadores suecos. Os autores dos tentos mencionados são considerados os inventores da tabela por parte da imprensa esportiva.
Equipe do Corinthians antes de uma partida. Não poderia deixar de notar que Luizinho aparece sentado na bola, nesta imagem.
De volta a São Paulo, os jogadores alvinegros foram recebidos por cem mil pessoas no aeroporto de Congonhas, dentre os quais se encontravam tanto corinthianos quantos torcedores rivais. Foi quando tiveram uma noção maior da dimensão do que havia feito:
- A emoção que me invade o coração é das maiores. Nunca poderia esperar que fossemos ter uma recepção tão grandiosa. Isso quer dizer que o povo ficou satisfeito com a nossa campanha. - Disse Luizinho.
- Melhor do que qualquer palavra, fala a nossa campanha. - Sintetizou Cláudio.
A primeira competição a ser disputada pelo Corinthians em seu retorno ao Brasil seria a Copa Rio Intercontinental, e o timão fez uma grande campanha, chegando à final com 100% de aproveitamento, inclusive vencendo o Peñarol (base da seleção uruguaia) no caminho.
Todavia, devido a violência da equipe uruguaia, o Corinthians acabou perdendo três jogadores titulares, dentre eles Baltazar, e Roberto Belangero, que, como vocês devem lembrar, era o cérebro do time. Sem jogadores dessa importância, enfrentando o forte Fluminense em duas partidas no Maracanã, o alvinegro acabou perdendo o título (poderia ter acontecido sem os desfalques, embora fosse menos provável)
A equipe não se abalou, e chegou forte para já no mês seguinte disputar a Taça Cidade de São Paulo. O troféu ficaria em definitivo com a equipe que vencesse a competição cinco vezes, e tanto o Palmeiras quanto o Corinthians já haviam vencido o certame quatro vezes. Na última partida da edição de 1952, estariam os dois rivais frente a frente. A equipe alviverde precisava vencer o seu rival para forçar partidas de desempate, enquanto o timão precisava apenas de um empate para se sagrar campeão. Todavia, os alvinegros não precisaram da vantagem que os resultados anteriores lhes davam.
Cartaz de divulgação do jogo.
Com a bola rolando o Corinthians goleou o Palmeiras por 5 a 1, sendo Carbone, autor de 3 gols, o destaque da partida ao lado de Luizinho, que marcou um dos tentos alvinegros, além de impor um verdadeiro baile à defesa rival. Nessa partida o Pequeno Polegar, aplicou seguidas fintas desconcertantes no volante Luiz Villa, que caiu no chão; segundo as testemunhas o corinthiano então sentou na bola para esperar que o marcador se levantasse para driblá-lo novamente.
O craque nunca admitiu ter feito tal coisa, mas também não desmentiu, dizendo que "garoto novo não tem juízo" ou "devo ter escorregado e caí sentado na bola", e ainda "o Villa era um bom sujeito, se fosse outro, tinha me quebrado". Certo mesmo é que sua atuação foi genial, virando manchete até mesmo no jornal mundo desportivo, que sobre ele escreveu: “Com sua fenomenal intuição malabarística, com raciocínios lampejantes e pernas que seguem o ritmo que lhes impõe o cérebro, quando acerta, quando a massa encefálica está fresca e criadora, é irresistível”.
Após isso o Corinthians entrou no Campeonato Paulista com grande favoritismo, e como contava com a mesma base do ano anterior, o sonho de novamente ultrapassar a marca de 100 gols não parecia impossível. O timão bem que tentou, mas não conseguiu repetir a façanha do ano anterior. Mesmo assim foi campeão antecipadamente, 6 pontos a frente do segundo colocado, marcando 89 gols, 27 deles feitos por Baltazar, artilheiro do torneio.
Dentre os grandes jogos da campanha, destacam-se a emocionante vitória por 6 a 4 contra o Palmeiras, com 3 gols de Cláudio e 2 de Baltazar. Outra partida espetacular foi virada contra o São Paulo, por 3 a 2 (o clube do Morumbi terminou o primeiro tempo vencendo por 2 a 0, mas o Corinthians, embora já tivesse garantido o título, buscou a virada).
Meses depois dessa brilhante campanha o Corinthians conquistou mais um grande título ao vencer o Rio-São Paulo em 1953. Isso fez com que o Corinthians chegasse com moral para a disputa do Torneio Octogonal Rivadavia Corrêa Meyer, que era o substituto da Copa Rio, mas acabou sendo surpreendido na semifinal pelo forte time do Vasco. Menos de um mês depois desta derrota o timão já se via disputando mais um mundialito.
Dessa vez tratava-se da Pequena Taça do Mundo. Além do próprio Corinthians, participaram do torneio o forte time da Roma, a Seleção de Caracas, além do já badalado Barcelona. Na época o clube catalão havia acabado de conquistar o bicampeonato espanhol e o tri na Copa do Rei, além de contar com vários jogadores da seleção espanhola, dentro os quais o naturalizado László Kubala, que em 1999, por ocasião do aniversário de 100 anos do Barça, foi eleito pela torcida o maior jogador da história do clube (que contou com Cruyff, Romário, Ronaldo...).
Os Magiares do Brasil não se importaram com o favoritismo do time espanhol, e, liderados por Cláudio e Luizinho, fizeram uma campanha irretocável, vencendo todos as seis partidas que jogaram, inclusive derrotando o Barcelona duas vezes, por 3 a 2 e 1 a 0. O Pequeno Polegar marcou 5 vezes, e ganhou um troféu por ser o artilheiro do torneio (este decoraria a sala de sua casa até o fim dos seus dias), enquanto o gerente recebeu o prêmio de melhor jogador da competição.
Na volta ao Brasil, reza a lenda que Alfredo Ignácio Trindade, então presidente alvinegro, teria perguntado aos jogadores se eles preferiam ser tricampeões estaduais em 53 ou vencer o Paulista no ano do aniversário de 400 anos da cidade, em 54. Os atletas teriam escolhido a segunda opção. Verdade ou mito, tenham os corinthianos levado essa escolha ou não a sério, o fato é que o timão fez uma campanha muito abaixo de suas capacidades no campeonato de 1953, ficando em terceiro lugar.
Na sequência o Corinthians já foi mostrando como seria o ano de 1954, começando o Rio-São Paulo com 6 vitórias. Todavia o time desandou, e perdeu os dois jogos seguintes, possibilitando que o Fluminense assumisse a ponta da tabela, e o Palmeiras empatasse com o Corinthians em número de pontos. Em função da derrota do clube carioca, quem vencesse o Derby Paulista se sagraria campeão do certame. Cláudio marcou o gol em um chute sem ângulo, e garantiu o bicampeonato do timão no torneio regional.
Terminado o Rio-São Paulo, quase não houve tempo para comemorar: se iniciaria o Paulista mais importante da história. Era o aniversário de 400 anos de São Paulo, razão pela qual todos os times se prepararam especialmente para o campeonato, que foi mais cobiçado que qualquer outra edição do estadual.
A competição foi bastante acirrada, com menos goleadas que os anos anteriores, e os times mais próximos uns dos outros na tabela. No final, Corinthians e Palmeiras despontavam como candidatos ao título. O alvinegro tinha a vantagem do empate, porque no primeiro turno havia vencido o Palmeiras, em um jogo semelhante a virada contra o São Paulo em 1952, só que dessa vez foram Luizinho (2x) e Baltazar os autores dos gols.
No jogo decisivo, Cláudio cobrou lateral para Rafael, que a essa altura já havia tomado o lugar de Carbone no time. O jovem meia devolveu e o gerente fez um cruzamento entre dois palmeireses, com a bola descendo a meia altura exatamente onde chegava o Pequeno Polegar. Luizinho cabeceou, a bola bateu na trave e entrou no gol palmeirense.
O Palmeiras tentava a reação, mas estava difícil, porque seu principal jogador, o grande Jair da Rosa Pinto estava sofrendo uma dura marcação de Roberto Belangero. Se estava difícil com a bola rolando, com ela parada o craque alviverde conseguiu criar uma chance em uma falta, e Nei empatou o jogo. A partir daí o Palmeiras passou a pressionar e esteve perto do gol em alguns momentos, mas lá atrás o Corinthians tinha Gylmar, e o goleiro garantiu o empate com uma atuação sensacional..
“Seria uma decisão como outra qualquer, mas com a diferença de que essa valia o título do Centenário de São Paulo. O Corinthians tinha a vantagem do empate, mas encontrou um adversário difícil. O jogo foi duro e bastante disputado. Logo no início fizemos 1 a 0. Depois, o Palmeiras reagiu e empatou. A partir daí, seguramos o resultado e fomos campeões. Todos queriam esse título, pois quem ganhasse ficaria com a glória para os cem anos seguintes.” - Gylmar, resumindo a partida.
Os gols e alguns lances da decisão entre Corinthians e Palmeiras
55-57: O Início do Jejum
Quis o destino que o Corinthians, mesmo contando com vários jogadores vitoroiosos no início da década, passasse os próximos anos sem conquistar o estadual ou o Rio-São Paulo. Aliás, a edição da competição regional que se seguiu ao título Paulista de 1954 foi um prenúncio de que tempos ruins viriam, pois apesar de ter um time forte o alvinegro fez uma campanha fraca.
Os Magiares do Brasil buscariam a recuperação na temporada em mais uma competição internacional, o Torneio Internacional Charles Muller. Após uma ótima campanha, que incluiu mais uma vitória contra o seu arquirival, o Corinthians enfrentou na última rodada o Benfica, que tinha vencido tanto o Campeonato Português quanto a Taça de Portugal. Cláudio foi o grande nome do jogo, marcando os dois gols da vitória alvinegra, por 2 a 1, com destaque para o segundo gol.
Foi uma cobrança de falta perfeita, e, segundo o goleiro, a bola teve uma trajetória semelhante a da "folha seca" do mestre Didi. O lance ficou eternizado pela frase de Costa Pereira, goleiro português: "Eu estava na direção da bola, mas no meio do caminho ela fez uma curvita". O filho de Cláudio, que estava no estádio, lembrando do lance anos depois disse que naquela partida, seu pai batera uma falta tão perfeita, que a princípio o goleiro achou que tivesse ido para fora, para depois notar que ela tinha entrado.
Reerguido moralmente, o Corinthians fez uma grande campanha no Paulista de 1955, vencendo o Santos na penúltima rodada, o que embolou o campeonato, que chegou a sua última rodada com 3 times brigando pelo título. Mesmo vencendo o Palmeiras no último jogo, o timão acabou ficando com o vice-campeonato, uma vez que o Santos, ainda na ponta da tabela também venceu.
Esse seria o primeiro de uma série de 3 campeonatos em que o Corinthians se aproximou do título, mas ficou no quase, pois no ano seguinte o clube ficou com o terceiro lugar, e em 57 perdeu o título no confronto direto com o São Paulo. Nesse último cabe a ressalva de que Luizinho não pôde jogar a partida decisiva por força de contusão, o que levaria o grande Zizinho a dizer "O Corinthians tinha o Luizinho, graças a Deus que ele não jogou".
Antes que alguém me acuse de clubista, é claro que o São Paulo tinha um grande time, contava com Zizinho e Canhoteiro, poderia sim ter vencido caso o Pequeno Polegar jogasse, como o próprio jogador diz, mas não deixa de ter sido uma baixa importantíssima para o timão. Mas nem tudo foi tristeza para o Corinthians nesse ínterim.
Em 1956 o clube venceu a Copa do Atlântico de Clubes, competição organizada pelas confederações de futebol do Brasil, da Argentina e do Uruguai. Cada país enviou cinco representantes. O torneio se deu em formato de mata-mata, e o Corinthians eliminou Danúbio, Santos e São Paulo, se classificando para a final com o Boca Juniors.
Existe aqui uma pequena divergência entre fontes, mas o que aconteceu foi o seguinte: o Boca desistiu da final, que seria uma melhor de 3 entre os clubes. A justificativa teria sido uma suposta injustiça no regulamento, que previa que o terceiro jogo seria disputado no Pacaembu, se necessário. A discordância entre os historiadores se dá porque alguns alegam que a equipe argentina teria ainda jogado o primeiro jogo em La Bombonera, sido derrotada por 3 a 2 e aí desistido do torneio, enquanto outros afirmam que nenhuma das partidas foi disputada. Não sei ao certo o que aconteceu.
Publicação a respeito da Copa do Atlântico
O fato é que foi uma importante conquista alvinegra, considerada pela IFFHS como uma das inspirações para a criação da Libertadores, ao lado do Sul-Americano de 48 e da Copa do Rio da Prata. A federação internacional de história e estatística do futebol inclusive, coloca em seu site, a conquista com o mesmo peso de outras competições sul-americanas. Pessoalmente acho um certo desleixo da parte do Corinthians não procurar obter da Conmebol o mesmo tipo de reconhecimento que o Vasco conseguiu para o seu título de 48. Deixo claro que sou contra qualquer tentativa de considerar essa competição como uma Libertadores.
Outra conquista corinthiana no período em questão foi a Taça dos Invictos, oferecida pela Gazeta Esportiva. Embora pareça sem importância hoje, a época esse troféu, oferecido ao time que ficasse mais partidas invicto no paulista, foi bastante cobiçado, e foi sim um triunfo significativo.
Para conquistar o troféu em 1957, o Corinthians teve um emocionante confronto com o Santos de Pelé, empatando o jogo em 3 a 3 nos últimos minutos. Veja os lances desse jogo. Você pode ainda conferir uma entrevista com alguns jogadores alvinegros, após a conquista em 1956 (eu não consegui anexar), clicando AQUI.
Para faturar em definitivo a taça, entregue ao time que conseguisse a invencibilidade mais prolongada em dois anos, o Corinthians teve que obter a maior série sem derrotas em 56 e em 57, chegando a 25 e 35 jogos sem perder, respectivamente. Na segunda ocasião o jogo decisivo foi um confronto com o Santos de Pelé, que vencia e impedia o timão de obter o troféu até os 43 minutos do segundo tempo, por 3 a 2, com 3 gols do Rei, até que Paulo empatou e garantiu a conquista alvinegra.
Após esse período os jogadores remanescentes do começo da década foram deixando o clube e a fila, ficando mais evidente, sem outros títulos relevantes para atenuar a falta de estaduais.
Os Magiares em Números
Assim como fizemos em nossa postagem anterior, organizamos uma tabela acompanhando o desempenho do esquadrão nas prinicipais competições disputadas. O item "outros", inclui a Taça Cidade de São Paulo em 52, a Copa Rio de 52, o Octogonal Rivadavia em 53, o Internacional Charles Muller em 55, a Copa do Atlântico em 56, além da excursão à Europa em 52, que não é exatamente uma competição, mas devido ao êxito alcançado e a valorização popular, foi considerada no nosso levantamento. Caso haja algum erro, embora eu ache que não, me comuniquem para que eu possa corrigir os dados apresentados.
Vemos que se considerarmos o período de 50 a 57 o aproveitamento cai um pouco em relação ao resultado obtido quando se considera apenas o intervalo entre 50 e 54. Como era de se esperar uma equipe que faz muitos gols, já que contava com vários dos maiores artilheiros do Corinthians, e, para a época, forte na defesa, que teve seu melhor momento em 1954.
Considerando as partidas de 50 a 54, o timão tem a bela marca de 68% de vitórias e quase 2,7 gols por jogo. Esses números caem ligeiramente quando se analisa entre 50 e 57, enquanto que a média de gols tomados por partida se mantem estável e em torno de 1,4.
Vemos que em termos estatísticos, na Era de Ouro, os "Magiares do Brasil" ficam praticamente empatados com o Expresso da Vitória. Uma comparação entre os dois esquadrões seria demorada, com vários argumentos para cada um (os números dariam ligeira vantagem à equipe carioca, que na minha opinião é um pouco melhor), mas esse não é o propósito do texto.
A frase que iniciou o parágrafo anterior visa apenas indicar que embora muitos tentem diminuir ou desvalorizar essa grande equipe do Corinthians, ela no mínimo não fica muito atrás do mais reconhecido esquadrão brasileiro na era pré-Pelé (aliás, venceram esse adversário nas 3 vezes em que se encontraram, uma delas com o Expresso no auge). Certamente tem o seu lugar entre as 5 ou 6 melhores equipes do nosso país.
Mais alguns lances desse genial esquadrão, com destaque para um gol de Baltazar aos 30 segundos e alguns dribles de Luizinho, além de uma tabela do mesmo com Cláudio.
O Corinthians campeão em 51, melhor campanha alvinegra no estadual.
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1. Outro grande esquadrão brasileiro da era pré-Pelé sobre o qual tivemos a oportunidade de falar foi o grande Expresso da Vitória, que entre outros feitos venceu o famoso Sul-Americano de 48 além de ser a base da seleção de 50. Clique AQUI para ler sobre essa equipe.
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